O antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano mostra-se preocupado com os ataques terroristas no Norte do país, porque “o inimigo é imprevisível, forte, desconhecido e está a matar pessoas numa guerra não declarada.
“Estamos preocupados porque o inimigo é imprevisível, é forte, é desconhecido. Até agora, não se sabe muito bem o que pretende. Matam pessoas, é uma guerra não declarada, que não se sabe de onde vem”, afirma Joaquim Chissano, em entrevista à Renascença.
A província de Cabo Delgado está a ser alvo de sucessivos ataques terroristas desde 2017. Na semana passada, a 24 de março, em Palma foram mortos dezenas de civis. Entre os feridos está um trabalhador português, que foi transferido para a África do Sul.
Apesar disso, o Presidente moçambicano, Filipe Nyussi, desvalorizou esta quarta-feira a dimensão deste ataque, dizendo que "não foi maior que tantos outros".
É neste quadro que algumas vozes questionam a permanência do presidente na capital, quando existe uma guerra a Norte.
Neste ponto, Joaquim Chissano sai em defesa do atual chefe de Estado, sustentando que nos nossos dias "um comandante-em-chefe não fica dentro da batalha", isso era o que acontecia no tempo em que se lutava com espadas.
“O Presidente Nyussi fez mais do que eu, esteve muitas vezes nas áreas de teatro [de operações]. Um comandante-em-chefe não fica dentro da batalha, em nenhum país se faz isso. Talvez no tempo em que se lutava com espadas é que o rei ia à frente. Mas o Presidente Nyussi tem estado muitas vezes nesses lugares quentes.”
Joaquim Chissano defende, nestas declarações à Renascença, a estratégia do atual Presidente Filipe Nyussi e considera que “qualquer bom líder apela a que as pessoas não percam a calma, porque não se pode enfrentar o inimigo com pânico”.
Já questionado sobre se Moçambique já deveria ter pedido ajuda externa para combater, a Norte, o movimento terrorista Estado Islâmico, Chissano acredita que Maputo está em contacto com outros governos, mas lembra que já não é presidente e não se deve intrometer.