O primeiro-ministro diz que, "depois deste ano, nada porde ficar como antes" na prevenção e combate aos incêndios florestias, mas recusou falar de demissões de membros do Governo. Agora, disse António Costa, "não é tempo de demissões, é tempo de soluções".
Numa conferência de imprensa, esta segunda-feira à noite, António Costa, que se apresentou de gravata preta, comprometeu-se a si e ao seu Governo na tomada de medidas para evitar que estes cenários se repitam, nomeadamente na reforma florestal que foi aprovada em Junho e na aplicação das conclusões do relatório da Comissão Técnica Independente que foi criada após os incêndios de Pedrógão Grande.
O primeiro-ministro começou o seu discurso com um balanço dos incêndios de domingo e de segunda-feira, garantindo que não faltará solidariedade para as vítimas que tudo perderam nas chamas que lavraram, e nalguns casos ainda lavram, em vários pontos do país.
Agradeceu ainda a todos os envolvidos no combate às chamas, nomeadamente os bombeiros, militares, membros da protecção civil e também aos autarcas que foram, nas suas palavras, "incansáveis". Em resposta a perguntas dos jornalistas, o chefe do Governo recordou que o mecanismo extrajudicial que foi criado para indemnizar as vítimas de Pedrógão podem ser alargadas a vítimas de incêndios noutros pontos do país.
António Costa recordou que depois de Pedrógão Grande gerou-se um consenso político sobre a criação de uma comissão técnica independente e espera que esse consenso se mantenha agora na aprovação das medidas que traduzirão as conclusões do relatório e a reforma florestal. "Esperamos que as conclusões da Comissão Técnica Independente sejam terreno fértil para um consenso alargado em torno das medidas a tomar", disse.
Os incêndios que começaram no domingo, dia 15 de Outubro, e se mantêm em vários pontos do país já fizeram pelo menos 36 mortos, havendo informação da existência de 63 feridos, 16 dos quais em estado grave.
Esta é a segunda tragédia causada por incêndios no espaço de poucos meses em Portugal. Em Junho 64 pessoas morreram devido ao incêndio que começou em Pedrógão Grande. Na altura a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa insistiu que não iria demitir-se, tendo reafirmado a sua posição aquando da publicação de um relatório independente sobre o desastre, que apontou várias falhas a nível de organização e comunicação.
No último "briefing", feito às 19h30 desta segunda-feira, Patrícia Gaspar, da Protecção Civil, disse que havia ainda 47 incêndios activos sendo 26 de importância elevada. O destaque vai para o incêndio da Lousã, que mobiliza mais de 720 operacionais.
A Renascença transmitiu em directo, no Facebook, a conferência de imprensa ao país de António Costa