O Presidente norte-americano anunciou esta quarta-feira que se prepara para "assinar algo" em breve no que fontes familiarizadas com a decisão dizem ser uma ordem executiva sobre imigração.
Segundo o "New York Times", que cita uma fonte da Casa Branca informada sobre o assunto, a ordem executiva deverá ser promulgada já hoje e vai ditar que pais e filhos menores fiquem detidos juntos nos centros de detenção para imigrantes clandestinos localizados na fronteira EUA-México.
Esta decisão, aponta o diário nova-iorquino, deverá enfrentar obstáculos legais, já que um recente acordo judicial proíbe tal medida.
Sem adiantar pormenores, Donald Trump disse esta tarde que pretende resolver o problema das famílias de imigrantes que estão a ser separadas na fronteira entre os EUA e o México, com as crianças a serem colocadas em jaulas sem poderem ver nem contactar os seus familiares.
O Presidente disse aos jornalistas que vai assinar "algo preventivamente", numa altura em que os Estados Unidos estão a ser duramente condenados pela comunidade internacional pela forma como estão a separar filhos de pais, sobrinhos de tios e netos de avós, sob a proclamada política de "tolerância zero" para travar as entradas de imigrantes no país.
Trump também sublinhou que espera que a ordem executiva seja acompanhada por alterações legislativas no Congresso de Washington, horas depois de um dos dirigentes do seu Partido Republicano, Mitch McConnell, o líder da maioria republicana no Senado, ter informado que pretendia aprovar legislação nesse sentido mesmo contra a vontade do Presidente.
"Vamos tentar manter as famílias juntas. É muito importante. Vamos assinar uma ordem executiva. Contamos com o Congresso, mas vamos assinar uma ordem executiva brevemente. Vamos manter as famílias unidas, mas temos de continuar a ser duros ou o nosso país será invadido por pessoas e crime", declarou o líder norte-americano.
A televisão Fox News avança que a Casa Branca poderá autorizar que as famílias de imigrantes que chegam ao país clandestinamente possam ficar juntas mais tempo do que é atualmente permitido pela lei.
Paul Ryan, o líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, informou entretanto que o partido pretende levar a votação na câmara baixa do Congresso um projeto de lei para travar a separação das famílias de imigrantes que entram clandestinamente no país, votação essa que está prevista para quinta-feira.
À ABC News, uma fonte da Casa Branca disse entretanto que a primeira-dama, Melania Trump, passou os últimos dias a pressionar o marido para que aprovasse legislação que acabe com a separação de crianças e familiares adultos.
A American Civil Liberties Union (ACLU), uma das organizações mais importantes da sociedade civil norte-americana, considera que a ordem executiva de Trump é insuficiente e limita-se a substituir um problema por outro.
“O diabo está nos detalhes: esta crise não vai acabar até que todas as crianças voltem a estar reunidas com os pais. Uma ordem executiva de última hora não resolve todo o mal calamitoso feito a milhares de crianças e aos seus pais. Esta ordem executiva substitui uma crise por outra: as crianças não devem estar numa prisão, mesmo que acompanhadas pelos pais, em qualquer tipo de circunstâncias”, refere o diretor da ACLU, Anthony D. Romero.
[notícia atualizada às 20h29]