“Ainda não é uma medida estrutural, é delimitada a seis meses (120 + 60 dias) e elimina as quotas de imigração, mas é uma medida que a CTP pedia há muito ao governo”.
Foi assim que Francisco Calheiros, presidente da CTP – Confederação do Turismo de Portugal -se referiu nos 10º Workshops Internacionais de Turismo Religioso, que decorrem em Fátima, ao diploma aprovado a semana passada pelo governo e que facilita a entrada de estrangeiros em Portugal para trabalhar.
A justificação dada pelo governo refere a agilização, simplificação e desburocratização da mobilidade de trabalhadores migrantes, bem como a necessidade de dar resposta à escassez de mão-de-obra sentida em muitos setores e especialmente no turismo.
Para o líder da confederação, é uma boa medida, “imediata e que vem facilitar muito a vida das empresas de turismo, com a contratação de profissionais estrangeiros, numa altura em que se assiste a um grave problema de escassez de mão de obra na atividade turística”.
Francisco Calheiros manifestou-se também bastante otimista quanto à retoma que já se verifica, lembrando os bons resultados do mês de abril (que incluíram a Páscoa) e que já foram superiores aos do mesmo mês de 2019. “Estou otimista que os dados de 2022 vão superar os de 2019, o melhor ano turístico de sempre”, referiu na sua intervenção.
Já se nota a retoma mas ainda há muitos problemas para resolver
O presidente da CTP não esqueceu, no entanto, os problemas (para além da falta de mão de obra) que atingem o setor: a necessidade de capitalização das empresas do setor que foi mais atingido pela pandemia, os problemas com o SEF no aeroporto de Lisboa e a necessidade de avançar urgentemente para a construção de um novo aeroporto. “É uma vergonha. Como é que andamos há 50 anos a discutir o novo aeroporto e se continua sem uma solução?” questionou mais uma vez Francisco Calheiros.
A questão do aeroporto foi também referida por Alexandre Marto Pereira, CEO do Grupo Hotéis de Fátima e que desta vez marcou presença nos
Workshops Internacionais de Turismo Religioso em representação do presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro, Pedro Machado, retido por atraso de voos.
Ainda assim, o empresário admitiu que mesmo havendo problemas no aeroporto de lisboa, em nada se comparam com os que se têm vivido nos últimos tempos em vários aeroportos do mundo e que põem em causa o tráfego aéreo e a circulação de pessoas.
Reconhecendo a recuperação do turismo a nível nacional e global, Alexandre Marto Pereira alertou para a necessidade de “temperar o discurso da euforia porque a recuperação não é homogénea”.
No turismo religioso e particularmente para Fátima, com turistas de idade mais elevada, que depende muito de viagens em grupo e de longa distância, e a dificuldade que alguns mercados têm em arrancar, a retoma é mais lenta.
E referiu dados concretos: o mercado brasileiro, em abril, ainda ficou 20% abaixo do geral do país, o mercado asiático e especialmente o da Coreia do Sul que em 2019 já significava 100 mil noites para Fátima, ainda está parado. Por outro lado, do mercado polaco vêm boas notícias: em abril conseguiu resultados 16% superiores aos de 2019.
Alexandre Marto Pereira, que também já foi responsável pela organização deste evento, frisou o papel que os Workshops Internacionais de Turismo Religioso, organizados pela ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima - têm para o crescimento deste produto turístico e para a Região de Turismo do Centro.
O próximo desafio é a Jornada Mundial da Juventude que o empresário considera que vai ter “um grande impacto nacional e se calhar, ibérico”.
Na sessão participou também a Secretária de Estado do Turismo. Rita Marques fez questão de sublinhar as previsões do Banco de Portugal para 2022 que apontam para 104,2% dos resultados de 2019. Mas também diz estar ciente dos problemas e desafios que o setor enfrenta. ”Os dossiers são densos e complexos; é preciso reflexão, mas sobretudo, ação”. E garantiu que todos os dias trabalha para os tentar ultrapassar