O ministro da Administração anunciou esta sexta-feira a demissão do cargo na sequência do acidente com a viatura oficial na A6, que provocou a morte a um funcionária que realizada trabalhos na via. Os partidos políticas já começaram a reagir à decisão de Eduardo Cabrita.
O PSD acusa o primeiro-ministro de atuar como um “passageiro” e não como “condutor” do Governo, considerando que Eduardo Cabrita já tinha a sua “autoridade diminuída” há muito tempo.
Em declarações à Lusa, o vice-presidente do PSD André Coelho Lima lamenta que Eduardo Cabrita não tenha assumido antes as “responsabilidades políticas” pelo “infeliz acidente que causou a morte de uma pessoa”.
“Assumir responsabilidades políticas quanto a nós não tem a ver com o grau de culpabilidade, sobre a qual o PSD nuca especulou nem vai especular, mas com uma forma de estar na vida pública”, afirmou, lamentando que ainda hoje de manhã o ministro tivesse referido ser apenas “um passageiro” no momento do acidente.
Por outro lado, o dirigente e deputado do PSD questionou se, caso o despacho do Ministério Público tivesse sido de arquivamento, já não existiriam consequências políticas, lembrando que acusação é apenas uma fase inicial do processo judicial.
Questionado sobre o facto de Eduardo Cabrita ter justificado a demissão para evitar qualquer penalização do Governo pelo que chamou de “aproveitamento político” do caso, André Coelho Lima salientou que o ministro da Administração Interna já estava com “autoridade diminuída” à frene de uma pasta essencial para a soberania do Estado, a Administração Interna.
O vice-presidente do CDS-PP Paulo Duarte classifica o percurso político de Eduardo Cabrita como "um acidente", mas responsabilizou o primeiro-ministro por ter deixado o titular da Administração Interna permanecer no Governo.
"A forma como este ministro sai, o percurso deste ministro, é também ele um acidente", comentou Paulo Duarte, em declarações à SIC Notícias, ao comentar a demissão de Eduardo Cabrita na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
Para o vice-presidente centrista, "o principal responsável é o primeiro-ministro, que de forma displicente se limita a aceitar a demissão" e a "ser um espetador", deixando "um ministro em funções que não tinha condições para o ser".
A porta-voz do PAN afirma que a demissão do ministro “peca por tardia” e lamenta que “só seja assumida para não prejudicar o Governo no ato eleitoral” de 30 de janeiro.
“É uma demissão que peca por tardia. E mais, lamentamos profundamente que só seja assumida para não prejudicar o Governo no ato eleitoral [legislativas de 30 de janeiro]”, defendeu Inês Sousa Real, numa mensagem em vídeo enviada à imprensa.
A líder do PAN disse ainda esperar que o primeiro-ministro, António Costa, “assuma outro tipo de responsabilidades políticas”, deixando “claro que todos os membros do Governo devem pugnar pela responsabilidade no exercício das suas funções, nomeadamente neste tipo de circunstâncias”.
“Teremos em breve eleições e é importante que este escrutínio, que a escolha dos membros do Governo para um futuro, se paute por outro tipo de responsabilização que até aqui não vimos por parte de alguns governantes de António Costa”, rematou.
O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, considera que a demissão de Eduardo Cabrita "está ao nível daquilo que foi um péssimo ministro" da Administração Interna.
"Eduardo Cabrita consegue esticar até aos limites do admissível e até do bizarro em política", argumentou o deputado liberal, em declarações à SIC Notícias, recordando que, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano, o ministro disse que "era apenas um passageiro".
A IL anda "há meses a pedir a demissão" de Cabrita, após "o atropelamento fatal de Nuno Santos", sublinhou Cotrim de Figueiredo, questionando ainda se a demissão tem como objetivo proteger o primeiro-ministro.
"Porque é que agora é que a demissão é aceite? Só para proteger o primeiro-ministro, a dois meses de eleições?", questionou o líder da Iniciativa Liberal.