Madeira. “Há excesso de eleitoralismo nas análises” à queda da árvore
16-08-2017 - 11:47

A acusação é do director do “Diário de Notícias da Madeira”, que esteve em directo na Manhã da Renascença para comentar o acidente com uma árvore que matou 13 pessoas.

O director do “Diário de Notícias da Madeira” diz que os discursos dos responsáveis políticos da Madeira, na sequência da queda de uma árvore de grande porte sobre dezenas de pessoas, foram marcados pelo ambiente eleitoralista que se vive.

“Percebe-se que há aqui claramente um discurso marcado pelas eleições autárquicas que se avizinham. Ou seja, há excesso de eleitoralismo nas análises e nas declarações. Isso depois tira a lucidez na hora de, quer assumir as responsabilidades quer de diagnosticar realmente o que se passou”, considera Ricardo Miguel Oliveira.

Em declarações à Renascença, o responsável por aquele jornal dá o exemplo das declarações do presidente do Governo Regional a “picar claramente o presidente da Câmara”.

“Foi a tónica para toda uma sucessão de acontecimentos que foram ocorrendo ao longo da tarde de ontem, com a aparição depois de documentos da junta de freguesia a pedir um olhar atento em relação a plátanos. Ora, a árvore que caiu num terreno que nem é público é um carvalho. Daí a nossa leitura hoje de que este eleitoralismo, esta caça ao voto, até confunde tipos de árvores”, sustenta.

Na terça-feira, Paulo Cafôfo, presidente da Câmara do Funchal, garantiu que a árvore que caiu no Monte não dava sinais de qualquer problema, ao contrário do que tinha sido referido por populares no local.

Referindo que o Largo da Fonte "padece de um problema histórico de ramagens de plátanos, com o qual a Câmara do Funchal tem vindo a lidar de forma responsável”, o autarca assegurou que a árvore, um carvalho, nunca esteve sinalizada. Garantiu, contudo, que a Câmara assumiria eventuais responsabilidades no acidente.

Já o presidente do Governo Regional, questionado sobre o facto de já ter havido alertas, desde há cerca de uma década, para o perigo que consistia aquela árvore – portanto, desde o tempo em que era presidente da Câmara do Funchal, garantiu que “sempre assumiu as suas responsabilidades”.

Miguel Albuquerque considerou que, neste tipo de ocasiões, surgem muitas acusações porque são episódios que têm "emocionalmente uma grande carga" e afirmou que a prioridade agora é “tratar dos feridos e apoiar as famílias das vítimas”.

Dia de luto nacional?

Depois da tragédia, o primeiro-ministro apressou-se a enviar uma mensagem de condolências às famílias das vítimas e de solidariedade ao povo madeirense. O Presidente da República decidiu deslocar-se ao local.

O director do “Diário de Notícias da Madeira” elogia as reacções, mas considera que o Governo central deveria ter também decretado luto nacional.

“As entidades da República, quer o Presidente quer o primeiro-ministro, foram bem mais céleres e mais atentos à tragédia, reagindo quase de imediato com mensagens de condolências e com esse gesto que o povo madeirense com certeza regista, que é a vinda à região do Presidente da República. Depois, falhou algo, que é a solidariedade nacional, expressa num luto, nem que fosse num dia nacional”, defende na Renascença.

O último balanço da queda de uma árvore de grande porte no Funchal dá conta de 13 mortos e 49 feridos, sete dos quais continuam internados nas urgências do hospital (um nos cuidados intensivos).

Foram decretados três dias de luto regional e o Ministério Público já abriu um inquérito ao acidente.