A Associação Transparência e Integridade defendeu esta terça-feira que o atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos não tem condições para se manter no cargo.
À Renascença, João Paulo Batalha afirma que Faria de Oliveira deve esclarecimentos públicos sobre muitos dos negócios da Caixa Geral de Depósitos, após uma auditoria da EY ter revelado ontem que o banco público perdeu 580 milhões de euros entre 2000 e 2015 com sete empréstimos sem garantias.
Faria de Oliveira foi administrador do banco do Estado entre 2008 e 2011.
Para o responsável da Associação Transparência e Integridade, enquanto o agora presidente da Associação de Bancos não der explicações "não tem idoneidade para ser o representante do setor financeiro em Portugal".
João Paulo Batalha lembra, contudo, que as responsabilidades pelos créditos sem garantias atribuídos pela CGD durante os anos da crise, sete deles que levaram o banco do Estado a perder 580 milhões de euros, abrangem não só os administradores da Caixa como também o poder politico e o próprio regulador: o Banco de Portugal.
O presidente da Transparência e Integridade considera "grave a forma como a Caixa Geral de Depósitos foi dando créditos milionários a grandes empresas - muitas vezes grandes empresas, ou empresários com algumas relações de proximidade ou de influência com o poder politico e com a própria caixa - sem garantias, sem contrapartidas".
Batalha diz que, por outro lado, a "auditoria alimenta ainda mais a suspeita de que o Banco do Estado foi usado como porquinho mealheiro para negócios pouco claros e ruinosos para os contribuintes, que depois tiveram de pagar os buracos da Caixa Geral de Depósitos".
João Paulo Batalha adianta que a auditoria da EY revelada na terça-feira mostra também que foram "ignorados ou ultrapassados os pareceres técnicos que indicavam haver risco e garantias insuficientes", o que, na sua opinião, “mostra que muitos destes créditos foram dados deliberadamente”.