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A Associação de Profissionais de Educação de Infância está preocupada com a possível reabertura das creches em maio. O presidente da associação, Luis Ribeiro, considera que o regresso ao funcionamento das creches “não resolve o problema” das famílias, no que toca a um eventual regresso presencial aos seus locais de trabalho.
“Muitos dos pais que têm crianças em creche também têm crianças no pré-escolar ou no primeiro ciclo que não podem ficar sozinhas em casa”, argumenta Luis Ribeiro. O presidente da associação garante que não estão "contra a reabertura das creches", mas encontramos "muitas circunstâncias em que o Governo deveria pensar muito para além das creches".
Nestas declarações à Renascença, Luis Ribeiro acusa ainda o primeiro-ministro de não conhecer a realidade das creches.
“É óbvio que [António Costa] não conhece aquilo que são as dinâmicas das creches. As crianças em creche movimentam-se imenso e estão próximas umas das outras", pelo que na eventualidade de uma criança ser portadora do vírus, “a possibilidade de contágio aos adultos é enormíssima”.
Luis Ribeiro mostra-se particularmente preocupado com os mais idosos, dado que muitas creches funcionam nas mesmas instalações de centros de dia e para a terceira idade.
“A rede solidária, as IPSS, têm muitas vezes na sua constituição centros de dia e as crianças muitas vezes partilham os mesmos espaços com os idosos”, diz Luis Ribeiro que receia pela saúde dos mais velhos.
O presidente da associação alerta ainda para a enorme disparidade de condições na rede de creches, o que pode dificultar a reabertura de muitos destes estabelecimentos.
“Muitas funcionam em espaços confinados, com corredores estreitos, salas muito pequenas e com muita gente a circular muito próximo umas das outras”, explica.
Numa tentativa de garantir melhores condições de funcionamento das creches, a associação sugere que os educadores de infância do pré-escolar sejam mobilizados para as creches. A ideia é “diminuir o rácio criança/adulto e eventualmente poder-se acautelar algumas situações de maior afastamento”.
Recomendações enviadas ao Governo
A Associação dos Profissionais de Educação de Infância já enviou para a secretária de Estado da Ação Social um parecer com estes pontos de vista.
Nesse documento, a que a Renascença teve acesso, a associação recorda que ainda faltam duas semanas para uma eventual reabertura das creches e que os cenários “são ainda imprevisíveis, pois depende da forma como a pandemia for evoluindo em Portugal até essa data”.
Além desta posição conjunta, também individualmente alguns profissionais do setor têm vindo a tornar públicas as suas preocupações. É o caso de uma educadora com 33 anos de carreira que escreveu uma carta aberta, mostrando-se apreensiva com a possível reabertura das creches.
Nesta carta aberta, a educadora Maria de Fátima Aresta questiona quais “as razões de escolha para que sejam as creches as primeiras a abrir, no período de retorno à vida ativa, depois do tempo de recolhimento a que todos fomos sujeitos”.
Fátima Aresta remata o documento garantido que “é uma carta escrita na primeira pessoa”, mas que está certa de encontrar “uma infinidade de vozes consonantes” no setor.