Poiares Maduro. "Radicais no arco da governação contaminam o centro político"
13-11-2020 - 22:27
 • Sérgio Costa , Sónia Santos , com redação

Antigo ministro de Passos Coelho evoca a experiência europeia para concluir que a entrada de partidos extremistas, como o Chega, na composição dos governos acentua a radicalização. Admite, ainda, que o impacto da pandemia nas democracias dependerá da capacidade das lideranças para demonstrar que "cidadania não é só ter direitos".

Miguel Poiares Maduro diz recear que as tentativas de trazer o Chega para o arco da governação contribuam para uma radicalização progressiva do partido.

Em declarações à Renascença, o social-democrata e antigo ministro de Pedro Passos Coelho, toma a experiência de outros países europeus onde, segundo diz, “quer à esquerda, quer à direita, as tentativas de trazer para o arco da governação os partidos radicais e extremistas, tem, sobretudo, tido um efeito não de moderação desses partidos, mas de contaminação do centro político pelo discurso mais radical”.


“Pandemia apela ao melhor e ao pior de nós e desafia as democracias”

Poiares Maduro falou, também, dos desafios que a pandemia coloca às sociedades e às democracias, numa espécie de resumo de ideias do mais recente livro que escreveu em coautoria com Paul W. Kahn, “Democracy in Times of Pandemic: Different Futures Imagined”.

Para o professor universitário, “ainda é cedo para sabermos se o impacto da pandemia vai ser bom ou mau, quanto aos desafios que as democracias já enfrentavam”.

“Tudo passa muito pela capacidade que as lideranças políticas tiverem para tirar partido daquilo que de melhor em nós a pandemia apela e da capacidade que a pandemia tem para demonstrar que cidadania não é só ter direitos é também ter deveres, não só em relação a nós, mas também aos outros”, sublinha.

Se a sociedade for capaz de reconstruir essa conceção de cidadania mais completa, “que é a base sobre a qual funciona uma democracia”, Poiares Maduro acredita que a a pandemia “pode ter o potencial de melhorar a nossa democracia e ajudá-la a enfrentar os desafios”.