Quase dois terços dos enfermeiros têm uma perceção negativa da sua saúde mental e mais de sete em cada dez consideram que sofrem de ansiedade e insónia, segundo um estudo do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica.
A investigação foi realizada no ano passado e contou com uma amostra de 1.264 profissionais, de acordo com um resumo do estudo, a que a agência Lusa teve acesso, e que é apresentado esta sexta-feira em Lisboa.
São mais de 60% os enfermeiros que assinalaram como negativa a perceção que têm da sua saúde mental, sendo que nove em cada dez indicam mesmo que consideram sofrer de disfunção social.
Quase oito em cada dez enfermeiros consideram que sofrem de ansiedade e insónia e há mesmo 22% que referem ter a perceção de ter sintomatologia de depressão grave.
Entre os que fazem turnos, 90% consideram que não dormem o suficiente entre turnos de noite seguidos e há também quase 80% que não dormem o suficiente entre turnos de manhã seguidos.
Independentemente dos turnos, mesmo entre os profissionais que não os fazem, mais de 80% dos profissionais consideram que não dormem o suficiente.
No geral, mais de um terço dos enfermeiros participantes no estudo considera sofrer de pelo menos uma doença física ou mental. As perturbações ligadas ao humor e as de ansiedade representam cerca de um quinto das doenças assinaladas.
Quanto à perceção da saúde mental face às variáveis socioprofissionais, o estudo nota que exercer a profissão em hospitais está ligado com mais sintomas somáticos (como falta de energia ou cefaleias).
Ter formação especializada fica associado a melhor saúde mental, com menos sintomas. Os de saúde materna e obstétrica são os que assinalam uma pior saúde mental e os de psiquiatria os que percecionam de melhor forma a sua saúde.
Este estudo foi realizado por um grupo de investigadores constituído por enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde mental, realizado na Escola de Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica.