O PSD não pretende criar dificuldades ou obstáculos ao Governo na aprovação do Orçamento Suplementar, que vai a votação na terça-feira. A garantia é dada na Renascença pelo vice-presidente do partido David Justino.
“Em tudo aquilo que contribuir para resolver os problemas do país e a grave situação social que estamos a viver, o PSD não vai ser problema ou obstáculo”, afirmou.
David Justino considera “inevitável” que os ‘plafonds’ da despesa tenham de aumentar, face às circunstâncias criadas pela pandemia de Covid-19, “mas há dois aspetos importantes” que o PSD quer ver melhor esclarecidos.
“Por exemplo, o caso da TAP e novas injeções no Novo Banco”, adianta o social-democrata no programa As Três da Manhã.
Mário Centeno e o Banco de Portugal
Sobre a saída de Mário Centeno do Ministério das Finanças, David Justino considera que “o Governo ficará fragilizado”, uma vez Centeno “adquiriu um capital político que raramente qualquer ministro das Finanças terá adquirido na democracia portuguesa”.
Na comparação com o próximo ocupante da pasta, João Leão, o vice-presidente do PSD lembra que Mário Centeno entrou para o Governo quando Portugal “estava em ciclo ascendente” e com “um programa pré-definido, que foi alterado pela própria conjuntura e a onda estava favorável”.
Pelo contrário, João Leão assume o cargo “na fase descendente do ciclo e em crise”, com “dificuldades maiores”.
“Neste momento, a situação é mais difícil e preocupante”, considera.
Quanto à eventual ida de Mário Centeno para o Banco de Portugal, David Justino garante que não é uma “preocupação” do PSD travá-la. Ao aprovar o projeto de lei do PAN, na passada terça-feira (dia em que se soube da demissão do ministro das Finanças), os sociais-democratas pretenderam introduzir-lhe “alterações indispensáveis” na especialidade.
“A nossa preocupação não é travar a ida de Centeno para o Bando de Portugal, é definir um quadro entre a relação de uma entidade reguladora e lugares de decisão política, nomeadamente governamental”, afirmou.
Tal como já tinha afirmado Rui Rio, presidente do partido, David Justino afirma que “cinco anos de nojo é claramente exagerado”.
“Também não pode haver leis construídas para resolver um problema pessoal”, acrescenta.
O vice-presidente do PSD sublinha ainda que “quem nomeia o governador do Banco de Portugal é o primeiro-ministro por sugestão do ministro das Finanças”, pelo que, se António Costa quiser, pode nomear já o sucessor de Carlos Costa.
“O que se põe é definir um quadro sobre algumas regras na transição de decisores políticos para órgãos reguladores”, reforçou.