Um autocarro com vítimas mortais do desastre de sexta-feira numa barragem em Brumadinho, Minas Gerais, no Brasil, foi encontrado este sábado perto da zona onde a infraestrutura colapsou. Dentro do autocarro seguiam funcionários da empresa mineira Vale, que gere a barragem, informou o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
"Como é um local de difícil acesso e precisamos de máquinas especiais para aceder a essa estrutura e retirar as vítimas, ainda não fechámos o número de óbitos. Mas o número de vítimas mortais (resultantes da rutura da barragem) irá aumentar", frisou o tenente Pedro Aihara à imprensa brasileira.
Antes de este autocarro ter sido encontrado, o número de mortes confirmadas situava-se nas dez, um número entretanto atualizado para 11.
Durante a manhã de hoje, a empresa mineira Vale, detentora da barragem que rompeu em Brumadinho, divulgou uma lista com os nomes de 412 funcionários que estão desaparecidos desde o momento em que a estrutura cedeu.
A companhia lamentou o sucedido e declarou que "a prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados e das comunidades locais". O Ministério do Ambiente do Brasil decidiu, entretanto, multar a empresa mineira em 58 milhões de euros, congelando cerca de 233 milhões de euros das contas da Vale para cobrir os prejuízos do desastre.
Apesar de a empresa falar em pelo menos 412 funcionários desaparecidos, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atualizou esta tarde o balanço oficial de desaparecidos depois de novos resgates de sobreviventes. Neste momento, apontam os bombeiros, há 299 pessoas oficialmente dadas como desaparecidas.
A rutura da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais, causou na sexta-feira uma enxurrada de lama e de resíduos minerais, soterrando as instalações da empresa e destruindo diversas casas à sua passagem, na zona metropolitana de Belo Horizonte.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, já considerou ser muito difícil resgatar pessoas com vida dos escombros.
"A polícia, o corpo de bombeiros e os militares fizeram tudo para salvar os possíveis sobreviventes, mas sabemos que as hipóteses são mínimas e provavelmente apenas encontraremos os corpos", disse o governador, que se deslocou para o local.
Há quase três anos, uma das barragens da empresa Samarco, controlada pelos acionistas Vale e BHP, rebentou na cidade de Mariana, no estado de Minas Gerais, originando uma torrente de lama que destruiu fauna, flora e construções ao longo de 650 quilómetros.
O desastre ambiental, o mais grave da História do Brasil até hoje, causou 19 mortos, além de ter deixado desalojadas milhares de famílias.