Estado Islâmico pede 20 milhões por cristãos raptados na Síria
30-04-2015 - 15:37
• Filipe d’Avillez
Há 95 homens, 84 mulheres e 51 crianças com mais de um ano nas mãos dos jihadistas. As autoridades cristãs depositam a sua esperança na decisão de um tribunal islâmico.
O autoproclamado Estado Islâmico está a exigir o pagamento de um resgate de mais de 20 milhões de euros pela libertação de mais de 200 cristãos raptados na Síria no passado mês de Fevereiro.
Numa entrevista concedida a um site australiano, um bispo envolvido nas negociações admite que a comunidade cristã local não tem meios para ajudar os reféns.
“Tentámos várias vezes negociar a sua libertação com os raptores. Oferecemos um valor com base na lei [islâmica] do imposto religioso, mas infelizmente depois de uma semana o intermediário regressou e disse-nos que o Estado Islâmico quer 100 mil dólares por pessoa. Estão a pedir mais de 23 milhões de dólares”, afirma o bispo Meelis Zaya, da Igreja Assíria do Oriente.
Com esta recusa o grupo terrorista terá dito ainda que não pretendia voltar a negociar com os representantes da Igreja e indicou que os cristãos serão julgados por um tribunal islâmico.
Neste momento, segundo os cristãos, há 95 homens, 84 mulheres e 51 crianças com mais de um ano nas mãos do Estado Islâmico.
Os cristãos desta região do Médio Oriente são conhecidos como assírios. Alguns são católicos, outros ortodoxos mas a maioria pertence à Igreja Assíria do Oriente, uma Igreja antiga e com sacramentos considerados válidos, mas que não está em comunhão nem com a Igreja Católica nem com as duas principais comunhões de igrejas ortodoxas. Esta Igreja, cujos patriarcas residem no Chicago desde o início do século XX, por causa da perseguição a que foram sujeitos, foi apelidada por João Paulo II como uma “Igreja de Mártires”.
Em resposta à decisão e ao pedido dos terroristas, a Igreja Assíria dirigiu uma carta aberta ao grupo em que afirma: “Somos uma nação pobre. Estas pessoas não fizeram mal nenhum e não representam perigo para ninguém. Nós, enquanto assírios, não temos esta quantidade de dinheiro que nos estão a pedir.”
A esperança dos bispos está agora na decisão do tribunal islâmico que poderá decidir pela libertação dos cristãos, como aliás já terá acontecido com outros grupos raptados também na mesma altura. “É importante que o juiz compreenda que o que o Estado Islâmico pede é demasiado. Esperamos que aceitem o que oferecemos”, diz o bispo, sublinhando que as pessoas com quem têm estado a negociar até agora são de Mossul, no Iraque, e não da Síria.
“A Igreja está a trabalhar de várias formas para salvar estas 230 pessoas. Se não os conseguirmos libertar será uma grande tragédia. Eles estão a viver em condições muito más. Os homens estão separados das mulheres e das crianças, não lhes é permitido tomar banho, têm um mínimo de comida e vivem num estado constante de medo. Os homens estão constantemente a ser intimidados”, afirma ainda o bispo.
Os cristãos estão ainda preocupados com a possibilidade de novos raptos e está em curso um plano para retirar cerca de 2000 refugiados da região de Hassake e levá-los para Qamishli, uma cidade de maioria curda e assíria no norte da Síria, que é mais fácil de defender.
Numa entrevista concedida a um site australiano, um bispo envolvido nas negociações admite que a comunidade cristã local não tem meios para ajudar os reféns.
“Tentámos várias vezes negociar a sua libertação com os raptores. Oferecemos um valor com base na lei [islâmica] do imposto religioso, mas infelizmente depois de uma semana o intermediário regressou e disse-nos que o Estado Islâmico quer 100 mil dólares por pessoa. Estão a pedir mais de 23 milhões de dólares”, afirma o bispo Meelis Zaya, da Igreja Assíria do Oriente.
Com esta recusa o grupo terrorista terá dito ainda que não pretendia voltar a negociar com os representantes da Igreja e indicou que os cristãos serão julgados por um tribunal islâmico.
Neste momento, segundo os cristãos, há 95 homens, 84 mulheres e 51 crianças com mais de um ano nas mãos do Estado Islâmico.
Os cristãos desta região do Médio Oriente são conhecidos como assírios. Alguns são católicos, outros ortodoxos mas a maioria pertence à Igreja Assíria do Oriente, uma Igreja antiga e com sacramentos considerados válidos, mas que não está em comunhão nem com a Igreja Católica nem com as duas principais comunhões de igrejas ortodoxas. Esta Igreja, cujos patriarcas residem no Chicago desde o início do século XX, por causa da perseguição a que foram sujeitos, foi apelidada por João Paulo II como uma “Igreja de Mártires”.
Em resposta à decisão e ao pedido dos terroristas, a Igreja Assíria dirigiu uma carta aberta ao grupo em que afirma: “Somos uma nação pobre. Estas pessoas não fizeram mal nenhum e não representam perigo para ninguém. Nós, enquanto assírios, não temos esta quantidade de dinheiro que nos estão a pedir.”
A esperança dos bispos está agora na decisão do tribunal islâmico que poderá decidir pela libertação dos cristãos, como aliás já terá acontecido com outros grupos raptados também na mesma altura. “É importante que o juiz compreenda que o que o Estado Islâmico pede é demasiado. Esperamos que aceitem o que oferecemos”, diz o bispo, sublinhando que as pessoas com quem têm estado a negociar até agora são de Mossul, no Iraque, e não da Síria.
“A Igreja está a trabalhar de várias formas para salvar estas 230 pessoas. Se não os conseguirmos libertar será uma grande tragédia. Eles estão a viver em condições muito más. Os homens estão separados das mulheres e das crianças, não lhes é permitido tomar banho, têm um mínimo de comida e vivem num estado constante de medo. Os homens estão constantemente a ser intimidados”, afirma ainda o bispo.
Os cristãos estão ainda preocupados com a possibilidade de novos raptos e está em curso um plano para retirar cerca de 2000 refugiados da região de Hassake e levá-los para Qamishli, uma cidade de maioria curda e assíria no norte da Síria, que é mais fácil de defender.