Um hipotético conflito nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia poderia ser fatal para dois terços da população mundial. No entanto, o estudo da Universidade de Rutgers, de Nova Jérsia, sugere que a grande maioria das mortes resultaria da fome generalizada.
Numa altura marcada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e a tensão no Estreito de Taiwan, a investigação teoriza que as detonações nucleares seriam responsáveis por um aumento estratosférico da fuligem libertada para a atmosfera, o suficiente para bloquear a radiação solar.
Face à diminuição da energia solar recebida, o planeta assistiria à redução severa da temperatura - do ar e do mar - e das chuvas, por exemplo. Consequentemente, as cadeias de produção alimentar globais entrariam em colapso.
O estudo analisou seis cenários distintos, incluindo a maioria dos países detentores de armas nucleares. Mesmo o cenário mais 'suave', entre Índia e Paquistão, poderá libertar cinco teragramas (o que equivale a cinco mil milhões de quilos) de fuligem e provocar uma queda de 7% na produção agrícola mundial. No final, mais de dois mil milhões de pessoas correriam o risco de morrer à fome.
No entanto, os autores salientam aquele que seria o pior caso possível. Um confronto entre Estados Unidos e Rússia libertaria 150 teragramas de fuligem, o suficiente para, no espaço de quatro anos, a temperatura do ar baixar 16ºC e os mares arrefecerem 6ºC.
Tratando-se de dois dos principais países exportadores de alimentos, as consequências seriam catastróficas para o mercado mundial. Em apenas dois anos, a produção animal à escala global poderá cair até 81%. Já no prazo de três anos, o peixe disponível reduziria em quase 40%, enquanto a produção agrícola registaria o pior cenário: uma queda de 90% à escala global.
Feitas as contas, as maiores potências nucleares do mundo poderiam condenar à morte mais de cinco mil milhões de pessoas.
Mesmo no caso "mais otimista", em que se reduz o desperdício alimentar em 100% e há uma distribuição equitativa de alimentos a nível mundial, estas medidas apenas permitiriam resistir às detonações intermédias, a rondar os 47 teragramas de fuligem emitida.
No final, Alan Robock, um dos investigadores do estudo, conclui de forma bastante simples: "Temos de evitar uma guerra nuclear".