Em relação à polémica do IRC em que o ministro da Economia, Costa Silva, e o ministro das Finanças, Fernando Medina, exprimiram ideias diferentes em relação a uma baixa transversal deste imposto para as empresas, António Costa revelou esta quinta-feira no Parlamento de que lado está na discussão.
“Estou do lado dos portugueses. O meu lado é simples: está no programa do Governo o entendimento do Governo em matéria de política fiscal”, frisou Costa, questionado pelo líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, sobre de que posição defendia.
O documento que norteia a ação do governo defende a redução seletiva do IRC e não a redução transversal desse imposto.
Na quarta-feira, oGoverno vai propôs aos parceiros sociais uma redução seletiva do IRC para as empresas que promovam o aumento dos salários e invistam em investigação e desenvolvimento.
As medidas integram a proposta do Governo para um acordo de médio prazo de melhoria dos rendimentos, dos salários e da Competitividade.
Ainda assim, Costa disse concordar com Miranda Sarmento quanto à “excelência” do ministro, que o líder parlamentar dos sociais-democratas tinha elogiado.
"E verá que outros também são excelentes com a experiência”, ironizou o primeiro-ministro.
Ao longo da sessão Costa tem-se referido às obras sobre economia de MIranda Sarmento de forma jocosa. Referiu-se a uma delas como o “livrinho” para atacar as propostas do deputado para criar uma coleta mínima de IRC de 500 euros para pequenas empresas que ainda não pagam.
“São Pérolas”, definiu Costa.
O líder da bancada do PSD não se atemorizou e depois de Costa terminar a intervenção soltou:“Desautorizou o ministro”.
O primeiro-ministro voltou a usar um ar de divertimento ao falar das obras de Miranda Sarmento, ao dizer que que se vai “divertir” lendo o resto do pensamento de Miranda Sarmento.
De seguida lançou uma questão retórica: “Onde é que eu desautorizei o ministro?”.
Recordou o almoço para o qual convidou Costa Silva, por gostar de o ouvir na televisão, e lhe perguntou quais as ideias que tinha para o país. Aí convidou-o para desenhar o esboço do PRR.
“E é com muito orgulho que o vi aceitar depois disso tudo vir para o Governo e fazer uma coisa muito difícil, passar do lado onde se escrevem livros para o lado em que se fazem coisas”, defendeu.
“O que é muito bom para a nossa cidadania é ver que há pessoas capazes disso: fazer alguma coisa além de escrever livros”, refoçou em tom de indireta para MIranda Sarmento.
A troca de "mimos" entre o primeiro-ministro e o líder da bancada do PSD terminou nesta ronda, com o soial-democrata a dizer que Costa Silva vai ter uma vida “difícil daqui para a frente”, mesmo contando com a simpatia pessoal de Costa.