Os colégios com contrato de associação vão perder apoios em mais de 268 turmas, no próximo ano lectivo. Com estes cortes o Ministério da Educação vai poupar mais de 21 milhões de euros, mas a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo não compreende esta decisão.
“É espantoso o Governo vir agora dizer que como vai abrir mais turmas do 5º ano do que aquelas que queria, vai cortar mais no 7º e no 10º do que tinha pensado fazer. Ora, escolas públicas que iam receber turmas de 5º ano, afinal não recebem do 5º, recebem do 7º e 10º. Isto é absurdo”, comentou à Renascença Rodrigo Queiroz e Melo, director executivo da associação.
O Governo tenciona reduzir o número de turmas apoiadas no 7º e 10º anos, depois de ter sido obrigado a aceitar a abertura de novas turmas de 5º nos colégios, escreve o “Diário de Notícias”.
O mesmo responsável acredita que o objectivo do Estado é acabar com todos os contratos de associação. “O que está em causa, por um lado, é acabar com o contrato de associação e, por outro, é promover uma máquina produtiva e não uma máquina educativa, porque não sei como é que se educam alunos de terceiro ciclo e secundário em escolas de segundo ciclo ou vice-versa. Isto é uma visão muito pobre do sistema educativo. Não nos resta senão lamentar”.
O director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo diz temer pelos alunos.
“Os grandes prejudicados são os alunos e as famílias. Haverá para cima de 20 mil alunos que tinham percursos educativos onde estavam satisfeitos, desejados pelas suas famílias e que agora vêem interrompidos e são obrigados a ir para sítios diferentes", acrescenta.
Rodrigo Queiroz e Melo garante que esta não é uma questão de "público versus privado". "Felizmente há escolas públicas de altíssima qualidade, não é isso que está aqui em causa. O que está aqui em cusa e só as escolas públicas que não tem qualidade é que têm medo dos contratos de associação”, remata.
Ao todo, os colégios com contrato de associação vão perder apoios em mais 268 turmas, no próximo ano lectivo. Feitas as contas, em dois anos lectivos, o número de turmas apoiadas é reduzido em 478.
No total, as verbas investidas pelo Estado nestes contratos baixam cerca de 55 milhões de euros.
Contactado pela Renascença, o Ministério da Educação diz que só fará um comentário depois de publicados os avisos de abertura dos concursos.