O trabalho dos pequenos grupos no sínodo para a família acabaram esta terça-feira. Os padres sinodais terão um dia de descanso na quarta-feira, à excepção dos que foram destacados para redigir a primeira proposta de documento final, que será votada numa primeira instância na quinta-feira.
Nesta altura não é possível prever o que incluirá esse documento, pelo que os analistas se dedicam a tentar ler as expressões e a linguagem corporal dos padres sinodais que aparecem para falar em público.
Foi o caso do arcebispo de Barcelona, o cardeal Luis Sistach, que é tradicionalmente visto como um defensor de mudanças na prática da Igreja para questões como o acesso aos sacramentos por parte de recasados, por exemplo, e que pareceu muito calmo no briefing diário do gabinete de imprensa da Santa Sé.
Aos jornalistas, Sistach insistiu que mais do que falar de casos de ruptura, é necessário apostar na correcta formação dos casais para evitar divórcios.
“Falou-se muito do que significa a preparação para o casamento. Por exemplo, as pessoas casam-se para serem felizes, para se amar e criar família e uma comunidade de vida; para ter filhos e educá-los como pessoas, como cristãos, portanto, temos de fazer com que este casamento e esta família tenha saúde, tenha vida, seja feliz e se realize e evitar separações e divórcios.”
“Há muitos aspectos importantes, porque uma separação ou uma declaração de nulidade envolvem sempre sofrimento, revelam uma relação que não foi feliz nem conseguiu cumprir os objectivos traçados no noivado. No fundo, é um fracasso para os esposos e, sobretudo, com muitas consequências negativas para os filhos. Por isso, mais vale prevenir que remediar”, disse o cardeal.
Cardeal africano agradece orações
Por outro lado encontrava-se também no briefing o cardeal Wilfrid Napier, arcebispo de Durban, na África do Sul e vice-presidente do sínodo, que é defensor da prática actual e foi até um dos signatários de uma polémica carta ao Papa Francisco, logo no início do sínodo, que expressava preocupação com a estrutura do mesmo.
“Gostaríamos, como grupo de bispos africanos no sínodo, manifestar o nosso apreço por tantos milhões de leigos que estão a rezar pelo sínodo e pelo seu bom êxito. E posso afirmar, com um certo grau de certeza, que sentimos que essas orações nos ajudam a atravessar alguns momentos difíceis que vivemos no sínodo”, disse.
As orações, aparentemente, terão resultado, deu a entender o cardeal. “A nossa expectativa é que este Sínodo dê um grande impulso às igrejas locais, assegurando que vamos ter mais e bons casamentos, mediante uma boa preparação matrimonial, mas também, mediante uma boa e autêntica formação sobre o que a Igreja espera do casamento e da forma como este sacramento é celebrado.”
“Acreditamos que é através de bons casamentos que teremos boas famílias e que estas terão um grande impacto na sociedade. Consideramos isto como parte de um processo que começou com o conclave de 2013 quando, nas reuniões antes do conclave, os cardeais sublinharam a necessidade de reformar a Igreja, desde o Vaticano até cada uma das dioceses. E nós acreditamos que isto também é uma maneira de reformar a Igreja. Ou seja, se reformarmos a estrutura da família, tornando-a mais forte, teremos uma Igreja com alicerces mais fortes e, como consequência, uma Igreja com maior impacto na sociedade”, explicou.
Na quinta-feira os bispos votam uma primeira versão do documento final, fazendo sugestões de alterações e no domingo votam novamente, parágrafo a parágrafo, a versão final que depois será entregue ao Papa.