Os trabalhadores da refinaria da Galp de Matosinhos responsabilizam o Governo pelo encerramento daquela estrutura e acusam o Executivo de ser cúmplice da empresa.
Reunidos esta quarta-feira em plenário, os trabalhadores da Petrogal de Leça da Palmeira marcaram uma manifestação para dia 12 de janeiro, com saída do complexo industrial até à câmara de Matosinhos, para protestar contra a decisão de encerramento.
A administração da Galp já disse que a decisão de encerrar a unidade de Leça da Palmeira é irreversível, situação que põe em causa 500 postos de trabalho diretos e mil indiretos.
"Já está programada uma iniciativa de concentração de trabalhadores com saída desde a refinaria até aos Paços do Concelho de Matosinhos, depois iremos concentrar-nos em Lisboa, em princípio na porta do senhor primeiro-ministro, que até ao momento está calado e foi a primeira pessoa a saber desta decisão por parte da administração", afirmou hoje, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte).
"Vamos tomar todas as medidas institucionais para denunciar este crime económico que está a ser feito, a nível não só regional mas nacional", disse Telmo Silva, acusando o Governo de ser "cúmplice da administração da Galp".
"O Governo mais uma vez é cúmplice da administração da Galp, uma administração que está a levar à desindustrialização não só de uma região mas de um país e está a olhar sim pelos interesses económicos dos acionistas, mas não do país e dos portugueses", defendeu.
O plenário realizado hoje pelos trabalhadores da refinaria da Galp contou com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
Na terça-feira, na reunião da câmara de Matosinhos, o responsável pela refinaria da Galp de Matosinhos, José Silva, afirmou que a decisão de encerramento “está tomada e fechada” e que para o complexo não está previsto “nenhum projeto de refinação de lítio”.
“Esta não é uma decisão reversível pelos fundamentos que foram analisados e valorizados pelo Conselho de Administração. A decisão está tomada e fechada”, afirmou o engenheiro José Silva.
Quanto aos trabalhadores, o responsável afirmou que a Galp tem mantido “um diálogo de proximidade com as estruturas representativas dos trabalhadores”, acrescentando que foram realizadas duas reuniões, uma no dia 21 de dezembro (aquando do anúncio do encerramento) e outra hoje.
José Silva garantiu que a empresa vai “procurar encontrar soluções para todas as pessoas” e que “será feita uma avaliação de cada trabalhador”, sendo que essas soluções “pressupõe que muitas poderão ser recolocadas noutras funções ou localizações, mas também ver recapacitadas as suas competências para fazer face a outros desafios”.
Em 21 de dezembro, a Galp anunciou, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que "continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos", e que está a "desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo".
A empresa afirmou que as "alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de 'downstreaming' da Galp", e disse que "o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão".
[notícia atualizada às 19h36 com a confirmação do dia do protesto dos trabalhadores da Galp em Lisboa]