Os dois países mais populosos do mundo e os que possuem as maiores forças armadas (incluindo armas nucleares), a China e a Índia, mantêm conflitos relativamente à fronteira comum, que já levaram a uma guerra curta mas sangrenta, em 1962, e a vários enfrentamentos militares. O último foi na terça-feira passada e nele terão morrido pelo menos 20 soldados indianos (a China não revelou as suas baixas).
A China e a Índia também disputam grande parte de uma região localizada no noroeste da Índia. A China considera essa região parte do Tibete.
Quando a Índia era uma colónia do Reino Unido, em 1914 o governo britânico fez um acordo com o Tibete, estabelecendo um limite fronteiriço entre China e Índia, que foi rejeitado por tibetanos e chineses.
Até hoje, o governo chinês não reconhece essa fronteira. Tanto mais que a China absorveu o Tibete pela força em 1950. O líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, refugiou-se então na Índia.
Ora, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Mori, tem vindo a levar o seu país para uma preferência cada vez mais clara concedida aos crentes hinduístas – cidadãos de primeira classe -, cerceando a liberdade religiosa aos muçulmanos e a outras minorias religiosas.
Poderá estar aqui um motivo adicional de conflito com a China. País que, de resto, só muito limitadamente reconhece alguma liberdade religiosa e persegue os muçulmanos no Tibete.
É a China o país que se tem mostrado mais agressivo militarmente, sobretudo ocupando ilegalmente uma parte do mar do Leste da China. Para isso construiu várias ilhas artificiais nessa zona marítima, violando o direito internacional de livre circulação no mar, excetuando as zonas perto da costa. Entre 1989 e 2019 as despesas militares da China triplicaram.
Em resumo, a China é uma ditadura totalitária que não esconde uma certa ânsia expansionista, o que assusta os países vizinhos. E a Índia, considerada a maior democracia do mundo, parece recuar na via democrática e não apenas quanto à liberdade religiosa.
No ano passado, o governo indiano resolveu acabar com a autonomia administrativa da zona de Caxemira administrada pela Índia. O que logo se traduziu em maior violência contra os muçulmanos residentes na zona. Não foi afastada, pelo contrário, a possibilidade de uma guerra entre a China e a Índia, provavelmente envolvendo também o Paquistão.