O ministro da Saúde defendeu uma abordagem radical para "abandonar as velhas instituições psiquiátricas", focada em "hospitais quase concentracionários".
Numa declaração na Conferência " A Saúde Mental no Pós-Pandemia", uma parceria entre a Renascença e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Manuel Pizarro referiu que Portugal "ainda está excessivamente baseado nessas estruturas".
"A nossa própria consideração dos direitos humanos de uma pessoa que sofre de problemas mentais era muito diferente antigamente do que é hoje. As pessoas que sofrem de saúde mental não podem ter os seus direitos diminuídos", apontou.
O governante considerou também que "é impossível encontrar uma explicação clínica para justificar que pessoas permaneçam décadas em hospitais psiquiátricos", mas realçou que "não pode haver um abandono dessas pessoas à sua sorte".
O responsável pela pasta da Saúde disse igualmente que se deve "normalizar em absoluto os aspetos da saúde mental", para que deixe de ser "um tema tabu". E reiterou que estes problemas são como "qualquer outro problema de saúde em outros dos nossos organismos".
Manuel Pizarro indicou que os jovens foram "especialmente atingidos pela perturbação da pandemia", mas que esta geração "tem uma atitude mais aberta" e dá "esperança de ultrapassagem definitiva do estigma da saúde mental".
"No SNS temos uma clara prioridade em relação a este tema. A atividade assistencial está em pleno curso, realizamos mais de 600 mil consultas na área da psiquiatria. Mas não podemos tratar da saúde mental como um tema da especialidade dos psiquiatras, os temas de saúde mental têm de ser tratadas pelo conjunto da SNS. Estruturas da comunidade e de cuidados de saúde primária", destacou, ainda.