​Ministro do Ambiente responde a Roquette. Não há "negação" perante a seca
16-02-2018 - 12:27

Matos Fernandes reage às acusações de José Roquette que, em entrevista à Renascença, considerou que o Governo não está a fazer o necessário. “Não tenho nenhuma indicação que me permita confirmar aquilo que o engenheiro Roquette disse.”

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, garante máxima atenção para os efeitos da seca e afasta um cenário de negação entre os políticos.

Matos Fernandes responde, assim, às declarações do empresário José Roquette, que, em entrevista à Renascença e jornal “Público”, criticou o que classifica como "inação" perante um cenário grave no país.

“Os políticos estão tudo menos em negação no que diz respeito à seca em Portugal”, afirmou o ministro do Ambiente, dando como exemplo que no fim-de-semana serão reforçadas “ligações que existem no Alentejo para permitir que a água chegue ao maior número de barragens”.

Na entrevista à Renascença e "Público", Roquette disse ainda que, em breve, a água do Alqueva deixaria de ser utilizável, por estar a atingir cotas muito baixas.

“Não tenho nenhuma indicação que me permita confirmar aquilo que o engenheiro Roquette disse”, disse Matos Fernandes, acrescentando que, “se há bacia hidrográfica que tem hoje uma quantidade de água reservada muito superior ao que existia há uns anos, é a do Guadiana e é devido ao Alqueva”.

Confiança na Agência Portuguesa do Ambiente

Na mesma ocasião, o ministro do Ambiente afirmou ainda a sua confiança no trabalho da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) relacionado com a poluição do Tejo e realçou que a água do rio já cumpre os níveis de qualidade.

"Tenho um hábito de gestão que é: quando existe um problema, resolvê-lo. Conheço outros que, quando existe um problema, o que interessa é encontrar um culpado e flagelá-lo", referiu João Matos Fernandes.

"Existindo um problema, estamos a resolvê-lo com a equipa que temos e para isso precisamos de todos e da APA com um papel muito importante neste processo", acrescentou.

O ministro respondia a uma pergunta dos jornalistas sobre se ainda tem confiança na APA, depois de o Bloco de Esquerda ter defendido, na quinta-feira, a demissão do presidente da APA, Nuno Lacasta, caso haja responsabilidades deste organismo público na revisão da licença de 2016 à Celtejo, que permitiu "triplicar" os valores de descarga de efluentes no rio Tejo.

"Há que saber de quem foi a má ideia de triplicar" os valores de descarga de efluentes no rio Tejo à empresa de celulose Celtejo aquando da revisão da licença em 2016, disse o deputado do BE Carlos Matias, acrescentando que, se foi uma ideia do ministro do Ambiente, há responsabilidades políticas, e "se foi uma ideia do senhor presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, então este tem que se demitir".

Durante a sua intervenção na abertura do Congresso, o ministro do Ambiente afirmou que acontecimentos como aquele que sucedeu a 24 de janeiro, quando um manto de espuma branca, com cerca de meio metro, cobriu o rio Tejo na zona de Abrantes, já tinham ocorrido.

"Estou orgulhoso do que fizemos", salientou o governante, referindo o trabalho das autarquias, da APA, da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e da EPAL.

Matos Fernandes garantiu ainda que o rio já recuperou a qualidade da água.

"Chegámos ao dia de ontem [quinta-feira] e nenhum ponto de amostragem de rede", desde fronteira até Constância,"tinha menos de sete miligramas de oxigénio, sendo que a jusante do Zêzere havia mais do que nove miligramas, resumiu o ministro perante os participantes no congresso.

"Temos que garantir que assim será no futuro", disse João Matos Fernandes, o que, segundo o ministro, passa por assegurar que serão definidos novos formatos de licenças para as indústrias que lançam efluentes no rio, as quais têm de ser adaptadas à capacidade de absorção, que varia no tempo.

O ministro reforçou ainda que "o problema de poluição está resolvido e há vários dias que a qualidade da água do Tejo é boa e a concentração de oxigénio por litro ultrapassa largamente o mínimo exigível".

"Esta batalha está claramente ganha", concluiu.