A venda da TAP ao grupo IAG, detentor da Iberia e da British Airways, seria “um tiro no pé”, alerta a vice-presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira.
Em entrevista à Renascença, Cristina Siza Vieira explica que a AHP não se opõe à privatização da companhia aérea, mas com a condição de não haver cedências na manutenção das rotas e do hub em Lisboa, o que dificilmente aconteceria se a Iberia entrasse na TAP.
“Eu acho que nós não temos palavras para comentar. Isso era um tiro no pé. Se fosse isso tínhamos um problema a menos, é que dispensariamos um aeroporto em Lisboa, porque o hub muda-se para Madrid”, afirma a vice-presidente da AHP.
Cristina Siza Vieira espera que a declaração em que o ministro da Economia, António Costa e Silva, de que o grupo da Iberia pode comprar a TAP, não se confirme.
“A nossa expetativa é que fique bem claro no caderno de encargos que a condição máxima é a conservação das rotas e do hub em Lisboa”, sublinha.
A responsável da AHP reage assim às declarações do ministro da Economia que na semana passada referiu que a TAP já é uma companhia saneada e está em condições de ser privatizada. António Costa e Silva referiu ainda que a IAG tem boas condições para entrar na TAP, uma vez que através da Iberia as ligações com o hub de Barajas, em Madrid, podem impulsionar quer o turismo quer a economia portuguesa.
Posição que a AHP não partilha. Para a vice-presidente da Associação é inaceitável que a companhia aérea nacional venha a ser dominada pela sua principal concorrente.
“Temos a presença que temos nas rotas dos Estados Unidos, de África e sobretudo do Brasil. Não fará sentido a não ser que se entregue isto a outra companhia”, afirma Cristina Siza Vieira.
O processo de privatização da companhia aérea TAP irá "em breve" ao Conselho de Ministros, anunciou esta segunda-feira o ministro das Finanças, Fernando Medina.
"Espero poder em breve apresentar ao Conselho de Ministros o arranque do processo de privatização da TAP", disse o ministro, em Madrid, numa conferência de imprensa ao lado da ministra dos Assuntos Económicos de Espanha, Nadia Calviño.