O antigo núncio em Washington, Carlo Maria Viganó, voltou, esta sexta-feira, a visar o Papa, com uma nova carta na qual recorda que, um mês depois das acusações de encobrimento dos crimes sexuais cometidos pelo cardeal McCarrick, continua o silêncio e a falta de esclarecimento por parte de Francisco dos responsáveis da Cúria.
Na carta, que está a ser veiculada em vários blogues de tendência conservadora, o arcebispo Viganò diz que “quem cala consente”, porque, se o Papa ou a Cúria quisessem negar as suas acusações, teriam “fornecido documentos que provassem essa negação” e não o fizeram.
O cardeal-diplomata argumenta que o Papa conhece, desde 23 de Junho de 2013, os crimes do cardeal McCarrick mas que, “em vez de tomar providências”, chamou o cardeal para colaborar no governo da Igreja, nos EUA, na Cúria e até na China”.
Viganò pede transparência, porque “os fiéis têm direito de saber o que se passa”.
Acusado por ter quebrado o segredo pontifício, o diplomata da Santa Sé diz que “a finalidade do segredo é proteger a Igreja dos seus inimigos e não encobrir e ser cúmplice dos crimes cometidos por alguns dos seus membros” e cita o Catecismo da Igreja Católica para responder que “só o segredo sacramental poderia justificar o meu silêncio”.
Na última reunião do C-9, realizada há duas semanas, os cardeais conselheiros do Papa prometerem esclarecimentos sobre o assunto para breve, mas, até agora, nada foi divulgado. No regresso da visita aos países bálticos, Francisco recusou responder a uma pergunta sobre esta questão, durante a conversa com os jornalistas que seguiam a bordo do avião papal.