O líder do Livre criticou esta segunda-feira a postura “incendiária” de alguns partidos que pedem a demissão de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal (BdP), remetendo a decisão para a Comissão de Ética do regulador.
Em declarações no Parlamento, Rui Tavares afirmou que o País não precisa de acrescentar à crise política que vive uma crise financeira provocada por deixar livre o lugar do governador do BdP.
“É muito importante que os atores políticos, os partidos em particular, não cedam a uma certa sensação de desorientação, em que acham que têm que lançar gasolina para o lume a cada passo”, afirmou, referindo que “é evidente” que Centeno deve ser demitido “caso tenha falhas graves na sua conduta”.
Rui Tavares questionou se ouvir um telefonema do primeiro-ministro, após uma conversa com o Presidente da República, “é uma dessas falhas graves”, e se “devemos acrescentar à crise política que já temos, uma crise financeira” motivada pela saída de Centeno do cargo.
“Já temos Portugal nas páginas dos jornais internacionais, com aquilo que nós aqui chamamos uma crise política, mas lá fora é retratado como um grande escândalo de corrupção. Não acho que tenhamos grande apetência para ter agora Portugal, tal como em 2011 e 2012, também nas primeiras páginas de suplementos financeiros de jornais internacionais”, atirou.
Rui Tavares pediu ainda aos partidos que “não deixem que a campanha eleitoral lhes suba à cabeça”, criticando a postura “completamente incendiária” de partidos como o PSD e a IL, “que tantas vezes se apresentam como partidos de responsabilidade nas contas”.
“Antes de começarmos a pedir a demissão de toda a gente, governador do banco central, qualquer dia do Presidente da República, qualquer dia do Tribunal Constitucional, e às tantas ficamos sem instituições para lidar com esta crise, era muito importante que os partidos não deixassem que a campanha eleitoral lhe suba à cabeça.”
O líder do Livre refere que, já que os partidos estão a tentar que Portugal não fique sem Orçamento e que o País vá a eleições em “condições um pouco menos instáveis”, os partidos “têm que procurar dimensionar as suas reações àquilo que efetivamente acontece e não ao escândalo que procuram ouvir”.