O início do julgamento do caso EDP, em que são arguidos o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e a mulher foi esta sexta-feira novamente adiado devido à greve da Administração Pública.
Segundo disse aos jornalistas um funcionário do tribunal, a primeira sessão deverá acontecer na próxima terça-feira.
O início do julgamento já tinha sido adiado na terça-feira passada, devido à greve dos funcionários judiciais.
A greve de hoje foi convocada pela Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESINAP) para a Administração Pública Central, Regional e Local e para entidades do setor público, que abrange os funcionários judiciais.
À saída do tribunal após tomar conhecimento do adiamento, o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, disse aos jornalistas que "não vale a pena responsabilizar os funcionários judiciais pelo atraso do processo", uma vez que "o inquérito demorou mais de 10 anos".
"Não foi por culpa dos funcionários judiciais" que houve tanta morosidade neste processo", afirmou.
Por seu turno, Manuel Pinho lamentou este novo adiamento, explicando que, como se encontra em prisão domiciliaria em Braga, vai ter de regressar na segunda-feira a Lisboa para estar presente na terça-feira no tribunal.
"Acho que merecia um pouco de respeito", queixou-se o ex-ministro, reiterando estar "preparadíssimo" para enfrentar o julgamento.
Compareceram também hoje em tribunal a mulher de Manuel Pinho, Alexandra Pinho, e o seu advogado, Magalhães e Silva.
O antigo ministro da Economia (entre 2005 e 2009) Manuel Pinho, que está em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, vai responder em julgamento por um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal. .
A sua mulher, Alexandra Pinho, será julgada por um crime de branqueamento e outro de fraude fiscal - em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, vai a julgamento por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento.
Inicialmente ligada à gestão da empresa elétrica e a alegados favores, a investigação arrancou em 2012 por causa dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual. .
Em causa estavam suspeitas de corrupção e participação económica em negócio por parte dos antigos administradores António Mexia e Manso Neto para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o MP, teriam corrompido o ex-ministro Manuel Pinho. .
No entanto, o MP acabou por separar em dezembro de 2022 os processos, ao centrar-se por agora nas suspeitas de corrupção e branqueamento com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo (GES) relativamente a Manuel Pinho, Alexandra Pinho e Ricardo Salgado.