"Tensão" por falta de médicos vai continuar. Costa​ quer reduzir procura nas urgências
13-10-2023 - 19:29
 • Ricardo Vieira

"Não vamos viver o País das Maravilhas" nos hospitais a partir de janeiro, apesar do plano da Direção Executiva do SNS, alerta o primeiro-ministro.

A falta de médicos vai continuar pelo menos nos próximos dois anos e é preciso reduzir o número de doentes nas urgências, disse esta sexta-feira o primeiro-ministro, António Costa, no final de uma reunião com a Direção Executiva do SNS.

O primeiro-ministro diz que o plano que a Direção Executiva do SNS definiu vai começar a ser implementado, mas avisa que não vamos passar a viver no País das Maravilhas.

“Em janeiro temos o conjunto destas peças do puzzle devidamente montadas. Se me pergunta se no dia 2 de janeiro passamos a viver no país das Maravilhas? Não vamos viver o País das Maravilhas."

António Costa argumenta que há um problema de falta de médicos disponíveis para fazer urgências e que vai haver "tensão" nos próximos dois anos.

"Nós temos uma realidade objetiva que é termos um conjunto de profissionais de saúde com um nível etário que os dispensa de fazer urgências, a formação de novos profissionais leva tempo e esta substituição nos próximos dois anos, vão ser dois anos em que vai haver sempre tensão entre os profissionais que se reformam ou o número de profissionais passa a ter idade para ser dispensado de fazer urgências e a formação de novos profissionais que os substituam. Esta é uma realidade objetiva", declarou.

"País da OCDE com mais recurso a urgências"

O chefe do Governo refere que Portugal é "o país da OCDE com mais elevado recurso a urgências, o dobro da média".

O primeiro-ministro defende que é necessário tomar medidas "do lado da procura" das urgências, além de tentar recrutar médicos no estrangeiro e reorganizar os serviços.

"Temos um diploma para procurarmos ter médicos formados no estrangeiro a trabalhar em Portugal, podemos trabalhar numa nova organização dos serviços de urgência, e é um diálogo que o Ministério mantém com a Ordem dos Médicos, mas temos também de atuar ao nível da procura. E atuar ao nível da procura não é só por que há escassez na oferta, é porque aquilo que todos os indicadores demonstram é que a maioria dos casos atendidos nas urgências não careciam de ser atendidos nas urgências", sublinha.

António Costa reiterou um apelo aos utentes que, antes de irem às urgências dos hospitais, devem ligar para a Linha Saúde 24.

Sobre as negociações com os sindicatos médicos, o primeiro-ministro diz que se trata de uma proposta abrangente sobre a qual espera que haja acordo.