Os mestres da Soflusa – empresa que realiza as ligações fluviais entre Lisboa e o Barreiro – anunciaram esta quinta-feira dois dias de greve parcial. São 3h/turno nos dias 23 e 24, quinta e sexta-feira da próxima semana. Além disso, no dia 23 entra em vigor o pré-aviso de greve às horas extraordinárias que pode prolongar-se até ao fim do ano.
As paralisações vão agravar ainda mais a circulação de barcos entre as duas margens, que já tem sido muito complicada na última semana, devido à falta de pessoal. Dezenas de ligações foram suprimidas até ao momento, provocando múltiplos protestos dos passageiros.
A administração da empresa assume que não tem trabalhadores suficientes para garantir todas as escalas e normalmente recorre a trabalho extraordinário, trocas ou prolongamento de serviços. No entanto, nos últimos tempos os mestres têm recusado essas alternativas, insistindo em fazer o seu trabalho em horário normal.
Mestres fizeram 4 mil horas extraordinárias em 2018
Uma forma de pressão para tentar que as reivindicações sejam atendidas. Em declarações à Renascença o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Fluviais e Costeiros, revelou que o ano passado os mestres da Soflusa fizeram quatro mil horas extraordinárias, o que na opinião de Carlos Costa, seria suficiente para pagar os vencimentos de oito novos trabalhadores.
Neste momento o quadro da Soflusa tem 24 mestres mas para garantir as escalas completas seriam necessários pelo menos mais quatro. No entanto só 21 estão no ativo, já três estão com baixa e um deles, prolongada.
O aumento do número de carreiras posto em prática desde o dia 1 de Abril, altura em que entraram em vigor os novos passes sociais, ainda obrigou a maior sobrecarga.
A empresa abriu concurso interno para quatro mestres, que vêm da carreira de marinheiro, mas ainda deverá ser insuficiente.
Finanças autoriza contratações mas poucas
Na reunião de ontem com os sindicatos representativos dos trabalhadores da Soflusa o Secretário de estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, anunciou que o Ministério das Finanças tinha autorizado a contratação de seis marinheiros. Ou seja, menos de metade dos trabalhadores que a empresa tinha pedido: doze marítimos (marinheiros e maquinistas práticos de 1ª classe) e três comerciais, para as bilheteiras.
Além disso, apurou a Renascença, há um pré-acordo com o Secretário de Estado do Tesouro para autorização imediata de contratação de trabalhadores para substituir os que abandonam a empresa, por reforma.
Entretanto, a Soflusa também lançou um concurso interno para quatro mestres, que saiem da carreira de marinheiro.