Pais das vítimas do Meco podem apresentar queixa-crime contra procurador
22-08-2014 - 09:55

Em causa estão alegadas contradições no processo, que foi arquivado sem arguidos constituídos.

Os pais dos seis estudantes que morreram na praia Meco acusam o Ministério Público de não dizer a verdade no despacho de arquivamento, pelo que ponderam apresentar uma queixa contra o procurador que arquivou o processo sem arguidos constituídos.



A informação foi avançada pela TVI e confirmada à Renascença pelo advogado das famílias. Vítor Parente Ribeiro afirmou que os pais "pediram, esta quinta-feira, um esclarecimento à Procuradoria-Geral da República e exigem uma retractação" e que admitem "avançar com outro tipo de medidas, nomeadamente uma queixa-crime".



Em causa, alega Vítor Parente Ribeiro, estão contradições entre as declarações do médico que assistiu o único sobrevivente, João Gouveia, e aquilo que ficou registado no despacho da Procuradoria.



"O médico em causa disse que, na análise que fez do paciente, e tendo em conta as décadas de experiencia médica, nomeadamente em situações de pré-afogamento, entendeu que, naquele caso, a mera auscultação, e os sinais que daí obteve, permitiu-lhe imediatamente dizer que não era necessário fazer mais nenhum exame", argumenta.

Por outro lado, acusa o advogado, "o procurador vem dizer, no seu despacho, que o médico assumiu que violou as boas práticas, o que é manifestamente falso. Isto é gravíssimo”.



Factos por apurar
A análise médica pretendia apurar se João Gouveia esteve ou não numa situação de pré-afogamento ou se esteve, afinal, numa zona segura, levantando a questão sobre se o estudante poderá ter ou não alguma responsabilidade criminal no incidente.



Quando foi ouvido pela primeira vez, o médico da urgência disse que João Gouveia se queixou de dores de cabeça, pelo que o medicou com paracetamol. Na reinquirição, voltou a explicar que o medicou da mesma forma e que entendeu que a auscultação do corpo seria suficiente.



No despacho de arquivamento, o procurador diz que os profissionais de saúde que socorreram o sobrevivente na praia denunciaram a incorrecta actuação do médico de urgência que, por seu lado, admitiu também que não cumpriu as boas práticas.