O ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, ameaçou esta terça-feira reenviar para a Líbia os migrantes, entre os quais os 177 que estão num navio no porto de Catânia, na Sicília, sem autorização para desembarcar.
"Ou a Europa começa a defender seriamente as suas fronteiras e partilha o acolhimento dos imigrantes, ou nós começamos a levá-los para os portos de onde partiram", escreveu Salvini, que é também vice-primeiro-ministro e líder da Liga (extrema-direita), no Twitter.
Pouco antes, num comunicado, citado pela agência EFE, o ministro italiano acusou alguns países da União Europeia (UE), entre os quais Portugal, de não cumprirem as promessas de acolher migrantes resgatados do mar que chegam a Itália.
Salvini evocou o caso de 450 migrantes que desembarcaram em julho em Pozzallo, na Sicília, afirmando que dos seis países que se comprometeram a receber migrantes, apenas França cumpriu o compromisso.
"Só a França fez um esforço, recebendo 47 dos 50 que prometera (três estão hospitalizados à espera de serem transferidos", afirmou.
"A Alemanha ia receber 50 e acolheu zero", tal como Portugal, Espanha e Malta, enquanto a Irlanda prometeu 20 e também não recebeu nenhum.
"Todos tentam ganhar tempo, impondo a Itália que suporte os gastos das transferências, 500 euros por pessoa", disse.
Matteo Salvini acrescentou que a UE devia abrir uma investigação a Malta por recusar assumir a responsabilidade pelos 177 migrantes socorridos em águas maltesas por um navio da guarda-costeira italiana, o Diciotti, e recusar deixar aportar.
Os migrantes a bordo do Diciotti foram salvos na quinta-feira, em águas de Malta, por outras duas embarcações mais pequenas da guarda-costeira italiana, segundo o Ministério do Interior italiano.
Itália pediu a Malta que recebesse o navio, mas Malta recusou e acusou Itália de ter recolhido os migrantes em águas maltesas "só para os impedir de entrar em águas italianas".
O Governo de Itália anunciou na segunda-feira que autorizou o navio a aportar na Catânia, Sicília, onde chegou na madrugada de hoje, mas os migrantes mantêm-se a bordo, proibidos de desembarcar.