O Papa Francisco diz que prefere uma família ferida a uma sociedade com medo de amar.
Num discurso proferido durante um encontro com famílias, na capital do Estado de Chiapas, no México, Francisco comparou a família à Igreja.
“Como disse já mais de uma vez (referindo-me à Igreja, mas penso que se possa aplicar também à família), prefiro uma família ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma sociedade enfermiça pelo confinamento e a comodidade do medo de amar.”
“Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios aos rostos embelezados que não se entendem de ternura e compaixão”, concluiu ainda o Papa.
Depois de ter ouvido testemunhos de alguns mexicanos, em representação da multidão de famílias que encheu o recinto, Francisco lamentou que a sociedade actual conduza ao isolamento.
“Hoje vemos e experimentamos, em várias frentes, como a família está a ser fragilizada e posta em discussão. Julgando-a um modelo já ultrapassado e sem lugar nas nossas sociedades, a pretexto de modernidade favorece-se cada vez mais um sistema baseado no modelo do isolamento.”
Este isolamento é uma grande ameaça e a pior forma de precariedade, num mundo em que esta já ameaça tantas pessoas e famílias. Num recado aos governantes, o Papa disse que o Estado tem um papel a desempenhar no combate a este problema. “Uma das formas é por meio de leis que protejam e garantam o mínimo necessário para cada família e cada pessoa poderem crescer através do estudo e dum trabalho digno. A outra forma é o compromisso pessoal”, diz. “Leis e compromisso pessoal são um binómio muito útil para romper a espiral de precariedade.”
Francisco está de visita pastoral ao México desde sexta-feira passada. Na terça-feira Francisco encontra-se com seminaristas e religiosos e, ao fim do dia, com jovens. O regresso à Europa está marcado para o fim do dia de quarta-feira, com chegada a Roma na Quinta-feira por volta das 13h.
A Renascença no México com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa