Lei da imigração no futebol. Secretário de Estado diz que situação "está clarificada", clubes desmentem
17-07-2024 - 18:15
 • João Filipe Cruz

Presidente da SAD do Estrela da Amadora desmente declarações de Pedro Dias, que dava conta da resolução do problema.

Paulo Lopo, presidente da SAD do Estrela da Amadora, garante que o impacto da alteração da lei da imigração nas transferências de jogadores de futebol não está resolvido, ao contrário do que afirmou o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias.

O responsável do Governo com a pasta do Desporto afirmou que "o assunto está clarificado".

"Foi explicada a iniciativa que o Governo tomou, éramos o único país europeu que tinha uma situação daquele tipo e, naturalmente, houve necessidade de a corrigir".

Nessa correção efetuada, Pedro Dias detalhou que "há um ajustamento que está a ser feito por todos, no sentido de ter este processo afinado" para, quando chegar a altura do fim de inscrições -- no caso do futebol, em 2 de setembro - estar tudo solucionado.

Em declarações à Renascença, Paulo Lopo diz que está tudo igual: "Devemos viver no país das maravilhas. O que o secretário de Estado diz não é verdade, temos exatamente o mesmo problema".

"Como é que o assunto dos meus jogadores no Brasil está resolvido quando pedimos um visto de trabalho que, na melhor das hipóteses demora 30 dias, mas o que é normal é que demore 60 ou 90? Como é que vou inscrever esses jogadores?", questiona.

O Governo deixou cair a chamada “manifestação de interesse”, um mecanismo da Agência para a Inclusão das Migrações e Asilo (AIMA) que permitia a entrada de imigrantes e dispensava a necessidade de um visto.

Agora, e tal como qualquer outro imigrante, os jogadores são obrigados a ter vistos de trabalho para serem inscritos pelos clubes, um processo considerado como "demasiado longo" para as necessidades do futebol profissional.

"Os jogadores não estão cá. Tenho contrato com eles, reconhecido no Brasil, tenho de lhes pagar e eles não podem prestar o serviço. Acho curiosas as afirmações do secretário de Estado, só pode ser por desconhecimento de como as coisas funcionam", acusa.

Lopo dá um exemplo concreto: "O Alan Ruiz está na Argentina e para pedir visto de trabalho só tem marcação para 20 de agosto. Como é que o assunto está resolvido?"