A Brotéria - casa de cultura dos jesuítas portugueses - reabriu portas esta semana após cerca de três meses de encerramento, devido à pandemia, a pensar na sociedade pós-Covid.
O isolamento e abandono de idosos é uma das grandes preocupações inseridas no novo projeto da Brotéria, designado "Coordenadas para um novo normal".
"O projeto pretende contribuir ativamente para a discussão daquilo que a vida na nossa sociedade será no período pós-Covid”, diz à Renascença o director da Brotéria, padre Francisco Mota-
“A nós preocupa-nos que as fraquezas levantadas neste tempo de isolamento possam vir a ser ultrapassadas acidentalmente, que possamos voltar ao normal vivendo numa sociedade que não foi a que nós desejamos, mas que foi a que se impôs”, sublinha o sacerdote.
Francisco Mota revela que a sua equipa tem vindo a pensar nas grandes áreas de discussão no futuo e aponta como" tema preocupante" a questão do isolamento de idosos.
"O isolamento de idosos é uma preocupação grande que temos há muito tempo” e “seria pena que no mundo pós-Covid não lhe dedicássemos uma atenção especial e a todos os problemas com eles relacionados", argumenta.
O diretor da Brotéria garante, por outro lado, que vão “estar ás questões da produção excessiva de lixo, às questões de justiça inter-geracional, às questões de acesso a bens culturais ou à mobilidade urbana", porque o projecto “Coordenadas para um novo normal” pretende ser um contributo “para que a discussão possa começar em torno destes temas e garantir que a discussão trará resultados concretos para a maneira como vivemos".
A Brotéria reabriu com uma nova livraria e pretende oferecer um espaço mais vocacionado para o trabalho individual e o estudo.
Assim, durante o mês de junho, a Brotéria tem 14 espaços de trabalho individual diários, distribuídos por quatro salões, disponíveis sob marcação, através da internet.
O padre Francisco Mota tem a expectativa de que “durante o mês de junho e julho, o trabalho realizado permita criar uma espécie de pequenina comunidade à volta da Brotéria, de pessoas que aqui trabalham diariamente, que se interessam por este projecto”.
"Há aqui uma relação muito simbiótica com as pessoas que recebemos”, sublinha.