Exames médicos. Beneficiários ADSE vão pagar mais? Quanto?
02-03-2023 - 08:26
 • André Rodrigues

Exames médicos no setor privado mais do que duplicam para os beneficiários da ADSE. É a consequência da entrada em vigor da nova tabela do subsistema de saúde da administração pública.

Afinal, quanto é que os beneficiários vão pagar a mais pelos seus exames?

A nova tabela da ADSE, que entrou em vigor esta quarta-feira, trouxe um aumento significativo para alguns exames complementares de diagnóstico realizados nas unidades de saúde privadas.

A tabela, que contempla cerca de 300 exames, vai ter subidas em diferentes tipos de exames. No caso dos exames de radiologia, a maior parte sofre uma atualização entre 5% e 6%. No entanto, os exames mais frequentes têm uma subida muito mais significativa.

Por exemplo, o preço de uma ecografia mamária sobe mais de 130%, passa de 14 euros e 50 cêntimos para 34 euros. A comparticipação da ADSE passa para 27 euros e 20 cêntimos, em vez dos 11 euros e 60 cêntimos que estavam previstos na tabela que vigorou até ao final do mês passado. Já o beneficiário, passa a pagar 6 euros e 80 cêntimos em vez dos 2 euros e 90 cêntimos que tinha de pagar até 28 de fevereiro.

Outro exemplo a referir pode ser o de uma radiografia cervical, que aumenta 125%, de 6 euros para 13 euros e 60 cêntimos.

E os aumentos são só nos exames?

Não. O preço das consultas aumenta, vai até aos 62,5%. É o que acontece com as consultas de oncologia: o valor passa de 92 euros e 30 cêntimos para 150 euros.

Já nas especialidades de psiquiatria, pedopsiquiatria, reumatologia, obstetrícia, ginecologia e dermatologia o aumento é de 52%. Outro caso são as sessões de quimioterapia, em que o preço diário no regime de hospital de dia sobe 50%.

No total, os novos preços dos exames vão ter um impacto anual de 7,7 milhões de euros para os beneficiários. Já para a ADSE, o agravamento ascende aos 27 milhões de euros.

Como é que a ADSE justifica estas subidas?

Com a subida da inflação em 2022. O conselho diretivo da ADSE já tinha a intenção de aumentar os preços na tabela do regime convencionado.

Contudo, a decisão foi tomada sem o parecer prévio do Conselho Geral da ADSE que considera esta subida "discutível", porque, segundo diz, "a inflação não se reflete da mesma forma nos custos dos prestadores privados". Por outro lado, e talvez mais importante, esta atualização entrou em vigor sem o conhecimento dos próprios beneficiários, que são agora apanhados de surpresa pelos novos preços dos exames de diagnóstico.

E qual é o universo de pessoas abrangidas por esta atualização?

Estamos a falar de, pelo menos, 1 milhão e 300 mil beneficiários da ADSE, onde se incluem os trabalhadores com contrato de trabalho em funções públicas. Mas não só, filhos e cônjuges dos funcionários públicos também podem beneficiar deste subsistema que permite o acesso a consultas, exames e outros cuidados médicos a preços mais reduzidos.