Na análise às declarações do primeiro-ministro, que considerou gravíssimo o e-mail que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre o chefe de Estado, o comentador d’ As Três da Manhã considera que “o caso é inaceitável e também foi inaceitável esperarmos tantos dias pela resposta do primeiro-ministro”.
Em causa está um e-mail enviado pelo ex-Secretário de Estado das Infraestruturas à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, envolvendo o Presidente da República. E tudo por causa da alteração da data de um voo entre Maputo e Lisboa, num caso ocorrido no ano passado.
“Já temos tantos casos, mas poucos são tão idiotas como este”, diz Henrique Raposo, destacando que o “cavalheiro Hugo Mendes pensou a TAP como se fosse uma extensão do PS. Pior! – o e-mail é tão levezinho, tão amador, tão irresponsável, parece que está a falar de uma festa familiar”.
No entender do comentador, o referido e-mail “revela como este Governo, esta elite do PS, está tão dentro da bolha, está tão afastada do que é a sociedade, que chega a este ponto, que é risível”.
“Isto parece-me um sketch da Joana ou do Ricardo Araújo Pereira. É estúpido. E ele é idiota por pensar aquilo e é idiota por deixar provas, deixa um e-mail escrito”, atira.
Questionado sobre se tudo isto fragiliza Pedro Nuno Santos perante os deputados, quando for ouvido no Parlamento, o comentador não tem dúvidas quanto à resposta.
“Claro que sim. Isto é da equipa do Pedro Nuno Santos. E, para mim, o caminho mais revelador do pântano em que estamos é o facto de Pedro Nuno Santos ainda pensar que tem um futuro político. Um homem que nos retirou 3.000 milhões de euros para salvar a TAP e o salvamento é o que está à vista. Ainda pensar que tem futuro político, é um sinal de que Portugal não se leva a sério”, argumenta, esperando, por isso, que “seja dizimado quando for ao Parlamento”.
Para o comentador, todo este caso mostra que já não há Governo, porque as instituições já não estão a funcionar.
“E um sintoma disso é o Chega ter 13%. Eu sei que não temos a solução alternativa ideal, ou seja, o PSD com maioria”, lembra, alertando que “a situação que estamos a viver, com este pântano crescente todos os dias, é mais votos no Chega”.
“Quanto mais tempo demorarmos a dissolver este Parlamento, eu acho que estamos a dar mais poder ao Chega. Portanto, temos que escolher um mal menor. O mal menor, neste momento, é dissolver rapidamente este Parlamento”, defende, sinalizando que tal “é urgente, porque, senão, vamos ter um Chega com 15, 20%, porque o Montenegro não tem força suficiente para congregar um espaço alternativo”.