O anúncio sobre revisão de escalões de IRS é eleitoralismo do primeiro-ministro, António Costa, acusa o líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, em entrevista à Renascença.
João Cotrim Figueiredo lembra que no programa do PS estava a revisão do quinto e do sexto escalões do IRS. A mudança para a revisão do terceiro escalão tem, para os liberais, uma intenção puramente eleitoralista.
“Qual é a diferença entre o terceiro e o quinto escalão? O quinto escalão é onde é gerada mais receita fiscal, mas o terceiro é aquele onde estão mais contribuintes. A duas semanas das eleições autárquicas, o primeiro-ministro resolve ir à televisão dizer ao escalão que tem mais contribuintes, leia-se mais eleitores, que vão ter uma benesse”, afirma o líder da Iniciativa Liberal.
“Aviso aqui esses eleitores que só vão dar por isso, se derem, quando vier o reembolso do imposto de 2022, que há de ser algures não muito antes das eleições legislativas de 2023. Mais uma vez, eleitoralismo à frente de uma visão verdadeira para o país”, acusa o deputado.
A Iniciativa Liberal também alerta que a revisão dos escalões pode trazer aumento de impostos para muitos contribuintes devido ao aumento da progressividade.
E avisa que não é com uma política fiscal como esta que se atrai talento e se impede os jovens de emigrar.
“Ao mesmo tempo que na mesma entrevista se dedicaram largos minutos à fuga de talentos, reconhecendo que parte do problema da emigração não é só da inexistência de oportunidades atrativas de emprego em Portugal, mas também da fiscalidade excessiva e, sobretudo, da progressividade excessiva dessa fiscalidade, depois de vários minutos nisto, o que temos como solução? Desdobrar escalões, que pouco fazem para reduzir a progressividade. Até à notícias ou rumores que isto pode vir acompanhado de aumentos de taxas marginais nos escalões mais elevados, aumentando ainda mais a progressividade”, diz Cotrim Figueiredo.
Em entrevista à TVI, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo vai fazer uma revisão dos escalões do IRS.
António Costa defendeu que a prioridade vai ser no sentido de serem introduzida mudanças em dois escalões de rendimentos do IRS: o terceiro e o sexto.
“No terceiro escalão, que cobre rendimentos entre os 10 mil e os 20 mil euros, temos uma enorme diferença. Depois, há o sexto escalão, entre os 36 mil euros e os 80 mil euros, onde há uma diferença gigantesca”, apontou o primeiro-ministro.
Este é um excerto da entrevista ao líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, que será transmitida e publicada na Renascença nos próximos dias.