O presidente da Comissão Europeia afirmou esta quarta-feira que é "dever da Europa" enfrentar os EUA, se o Presidente Donald Trump decidir retirar o seu país do acordo de Paris de combate às alterações climáticas.
Jean-Claude Juncker disse que "os norte-americanos não podem sair à vontade do acordo", acrescentando que "isso leva três a quatro anos".
Juncker revelou que os líderes do Grupo dos 7 "tentaram explicar isto, em frases simples, ao senhor Trump", durante a recente cimeira que tiveram em Itália e acrescentou que, apesar de "parecer que esta tentativa falhou (...), a lei é a lei".
Num ataque à Presidência norte-americana, Juncker disse à audiência de um evento na Confederação dos Empregadores Alemães, em Berlim, que "nem tudo o que está escrito nos acordos internacionais são notícias falsas".
Para Juncker, "se o Presidente dos EUA sair do acordo de Paris, como deve fazer nos próximos dias ou horas, então a Europa tem o dever de lhe dizer que não é assim que as coisas funcionam".
Um dirigente da Casa Branca afirmou ao início do dia que Trump pretendia sair do acordo de Paris, se bem que ainda não tivesse tomado uma decisão.
Na quarta-feira, Trump declarara que sair do acordo de Paris seria uma vitória para a economia dos EUA.
Entretanto, a União Europeia e a China já reafirmaram o seu compromisso com o acordo de Paris, independentemente de os EUA saírem ou não do pacto, assegurou um dirigente da UE.
Este dirigente disse a jornalistas que a UE e a China vão dizer como tencionam concretizar os seus compromissos na luta contra o aquecimento global durante as conversações que vão manter, em Bruxelas, na sexta-feira.
Este dirigente europeu está envolvido na preparação da reunião entre o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, Juncker e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
Li e uma significativa delegação chinesa são esperados em Bruxelas, ao fim de quinta-feira, depois de terem mantido negociações em Berlim.
"A UE e a China estão a juntar forças para prosseguirem a aplicação do acordo de Paris e acelerar a transição global para a energia limpa", disse o comissário europeu com o pelouro das Energia, Miguel Arias Canete.
Um dirigente da Casa Branca afirmou esta quarta-feira que poderia haver "condições na linguagem", anunciando a retirada do acordo, o que deixaria aberta a porta a um entendimento de que tal decisão não seria definitiva.
Esta possibilidade foi recebida de forma céptica pelos eurodeputados quando o Parlamento Europeu foi informado sobre a sua existência.