Isaltino Morais e os almoços de 139 mil euros. “Os valores não são nada avultados”
20-06-2024 - 13:07
 • João Carlos Malta

Em investigação pela Polícia Judiciária está um período de seis anos, nas quais foram feitas 1441 refeições no valor de 139 mil euros. Em relação ao lavagante pedido em almoços, Isaltino disse que em 10 mil refeições só seis ou sete faturas têm este marisco.

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, reagiu às buscas das autoridades na autarquia, esta quinta-feira, alegando que o valor dos almoços “não são valores nada avultados”. Em investigação está um período de seis anos, nas quais foram feitas 1441 refeições no valor de 139 mil euros.

Isaltino responde que não considera os valores dos almoços avultados e que isso é apenas a opinião do jornalista que fez a pergunta. O autarca confirmou as buscas das autoridades que afirma que “tem a ver com almoços de trabalho da autarquia”.

As buscas e o âmbito do processo foram também confirmados à Lusa por fonte ligada à investigação, segundo a qual o inquérito é titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Em causa estão suspeitas dos crimes de prevaricação, abuso de poder e peculato.

Mas ressalva que estes são “almoços que todas as autarquias realizam, faz parte da atividade administrativa”. “É uma prática comum”, afirma.

Questionado ainda sobre a existência de refeições no mesmo dia, e faturas a comprová-lo, Isaltino diz que a alegação é uma “maldade”. O que há, diz, é “a fatura de um lanche, na altura do World Press Photo e no mesmo dia um jantar com um presidente de um município de um PALOP”.

O presidente da Câmara de Oeiras voltou a repetir que não considera o número de almoços em causa, nem o valor dos mesmos, problemáticos.

“Não é muito nem pouco, são almoços que juntam 10 ,15 e 20 pessoas”, alegou.

Isaltino diz que estes repastos juntaram “vereadores, funcionários, técnicos de universidades, e elementos empresas publicas”.

E o lavagante?

Em relação às refeições em que foi pedido lavagante, Isaltino disse que não é mentira que tal tenha acontecido, mas quis enquadrar. “Em refeições para 10 mil pessoas, foram servidos arroz de lavagante em seis ou sete almoços”, explicou.

E acrescenta que “quando se convida uma entidade, não se pode dizer que da lista não pode escolher isto ou aquilo”. “Vocês querem é vouyerismo”, criticou os jornalistas.

Isaltino ironizou ainda com a ideia de que foi ele o responsável por todos os gastos. “Acha que tenho barriga para isto tudo”, disse. E sublinhou que está “de consciência tranquila”.

Isaltino Morais avança que não estão em causa os almoços em si, mas a possibilidade de no conjunto das refeições poderem existir faturas falsas. É isso, garante, que as autoridades policiais estão a investigar.

No ano passado, a Sábado noticiou que, “em seis anos, a Câmara de Oeiras pagou mais de 139 mil euros em ‘almoços de trabalho’” com elementos do executivo e das suas equipas.

Segundo a investigação da revista, em causa estão 1.441 refeições que incluem o “consumo maciço” de alimentos como marisco e leitão, havendo almoços “à mesma hora em restaurantes diferentes”.