A Universidade de Cambridge reagiu esta quarta-feira à possibilidade deixada em aberto pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, de processar a universidade pelo facto de um dos seus investigadores, Aleksander Kogan, ter recolhido dados dos utilizadores da rede social.
Num comunicado, a universidade mostra-se “surpresa com o facto de Zuckerberg só agora estar consciente do facto de a Universidade usar dados individuais do Facebook” para investigação académica.
“Os nossos investigadores têm publicado investigação avaliada por pares nas maiores revistas científicas, e essa investigação tem recebido cobertura mediática internacional. Entre essas investigações está o estudo de 2015, conduzido pelo Dr. Aleksander Spectre Kogan, cujo os co-autores são dois funcionários do Facebook”, disse um porta-voz da Universidade.
“No dia 21 de Março pedimos ao Facebook que nos enviasse provas que suportem as alegações que fez sobre o Dr. Kogan. Ainda não recebemos nada”, esclarece a universidade.
Durante o segundo e último dia a testemunhar no Capitólio, Mark Zuckerberg abriu a possibilidade de agir legalmente contra a universidade e o investigador que criou a aplicação que terá recolhido os dados de 83 milhões de utilizadores.
“Outros investigadores criaram aplicações similares”, disse Zuckerberg perante os congressistas norte-americanos. “Precisamos de perceber se estava a ser feito algo de mau na Universidade de Cambridge e se isso vai exigir uma ação mais forte da nossa parte”, disse o CEO.
Dias depois do escândalo Cambridge Analytica ter rebentado, Aleksander Kogan defendeu, em entrevista à CNN, que estava a ser utilizado pelo Facebook e pela consultora britânica como “bode expiatório” e que “pensava estar a fazer algo perfeitamente normal”.
Na segunda-feira, o fundador do Facebook anunciou que vai criar uma “comissão de investigação académica independente” para analisar o efeito que a rede social tem nas eleições, mudando com isso a forma como os investigadores podiam aceder aos dados da rede social. Até então, o acesso aos dados da plataforma para fins de investigação estava limitado a investigadores - como Aleksander Kogan - que a rede social aprovava.