O Presidente da República atribuiu esta sexta-feira as dificuldades de funcionamento registadas em vários hospitais do país à “perda de tempo na montagem" do novo modelo de gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Questionado pelos jornalistas na Feira Nacional do Cavalo, na Golegã (Santarém), sobre os constrangimentos nos serviços de urgências em hospitais de todo o país e sobre os riscos inerentes a esta situação, Marcelo Rebelo de Sousa declarou: “Porque é que pode acontecer isso? Porque, precisamente, houve uma perda de tempo na montagem do Serviço Nacional de Saúde”.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.
Sobre um eventual acordo, o chefe de Estado realçou que, “mais importante do que um acordo pontual, é montar a nova gestão do Serviço Nacional de Saúde”.
“Isso é que é duradouro. Acordo pontual resolve num determinado momento e pacifica a situação nesse momento, montar a nova gestão do Serviço Nacional de Saúde é que é uma realidade que se quer duradoura, para viabilizar o Serviço Nacional de Saúde”, declarou, referindo que o país precisa de um SNS forte.
Para o chefe de Estado, “só se evita problemas no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente críticos, com aquilo que se prometeu fazer há um ano e tal e que é preciso executar, que é dar uma volta no modelo de gestão do Serviço Nacional de Saúde”.
“Isso é o fundamental”, insistiu.
À pergunta se o pacto nacional para a Saúde defendido pelo PSD faz sentido, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, “em domínios que são transversais, o que houver de entendimento, maior entendimento entre todos, partidos, parceiros económicos e sociais, é bom”.
“Agora, há um Governo. O Governo diz ‘tal como está, o Serviço Nacional de Saúde não está a funcionar bem, tem de funcionar melhor. Vamos criar um instituto para gerir sem ficar dependente do ministério e da partidarização e das decisões do Ministério da Saúde na gestão do dia a dia’”, prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que “passou um ano e um mês, um ano e dois meses, isso ainda não aconteceu, parece que vai acontecer a partir do começo do ano que vem”, sustentando que se está “a perder tempo”.
“Cada dia que passa é tempo de mais”, acrescentou.