O Produto Interno Bruto (PIB) português caiu 2,3% no primeiro trimestre do ano, anunciou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A contração da economia foi corrigida e, afinal, é ligeiramente menor do que tinha sido apontado, nos primeiros três meses do ano.
O Instituto Nacional de Estatística aponta agora para uma queda do PIB de 2,3%, em vez de 2,4%, no primeiro trimestre, um período que já abrange o início da pandemia.
O INE justifica esta correção de uma décima, sobretudo, com "a revisão em alta das exportações": o saldo comercial acabou por ser melhor do que o esperado na estimativa rápida.
Ainda assim, esta continua a ser a maior queda homóloga do PIB desde o primeiro trimestre de 2013, altura em que a economia contraiu 3,6%.
Só o valor acrescentado bruto, um indicador da produção do país, contraiu 1,7% no primeiro trimestre. Os setores mais atingidos foram o comércio e reparação de veículos, alojamento e restauração, mas os serviços e a indústria também registaram quedas significativas. A construção desacelerou, mas manteve o contributo positivo, assim como o setor financeiro e a agricultura.
As famílias cortaram nas compras de bens duradouros e o investimento empresarial também quebrou.
O INE também divulgou esta sexta-feira os dados do Turismo para abril, que confirmam uma paragem quase total.
É um cenário inédito. A acompanhar o pico da covid-19, as dormidas e hóspedes apresentam quedas a rondar os 97%, em comparação com o ano passado. De março para abril a queda é menor, mas continua a ser expressiva: quase 59% nas dormidas e mais de 62% nos hóspedes.
A penalizar o sector estão as restrições às deslocações entre países e o confinamento, entre outras medidas de contenção do vírus.
Ainda segundo o INE, “em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 80,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes”.
O perfil destes turistas também é diferente. O INE dá como exemplo hóspedes que ficaram retidos em Portugal ou pessoas que, por motivos profissionais, tiveram de se deslocar no país e pernoitar fora da residência.
Apesar do desconfinamento, as dificuldades no setor deverão prolongar-se por mais alguns meses. Um inquérito adicional, a mais de cinco mil alojamentos turísticos, revela que 78% têm cancelamentos até agosto, devido à pandemia. Os inquiridos representam mais de 90% da oferta, segundo o INE.