O presidente da Associação Comercial do Porto considera que o Orçamento do Estado para 2024, aprovado na última semana pela maioria parlamentar do PS, é “uma ferramenta eleitoral do Partido Socialista e do Governo”.
“Diria que é o orçamento de todas as promessas e de todos os eleitoralismos”, refere Nuno Botelho, aludindo às medidas que, à última hora, foram abandonadas pelo PS.
“Até o IUC caiu e, de repente, aquilo que parecia quase irrevogável desapareceu”. Nomeadamente, o aumento do IUC para veículos matriculados antes de julho de 2007, que “era uma medida socialmente injusta”.
A isto somou-se a queda do IVA intermédio em produtos alimentares e do regime fiscal para residentes não habituais. Medidas que, no entender de Nuno Botelho, constituem “uma amálgama de medidas que, no fundo, não têm grande impacto orçamental”, mas que podem valer votos ao PS.
Sem querer classificar de populista esta postura do PS e do Governo, Nuno Botelho diz não ter ilusões: “já era de esperar que isto acontecesse”.
Noutro momento do comentário semanal no programa ‘Manhã, Manhã’, da Renascença, o jurista dá nota positiva à disponibilidade sinalizada por Luís Montenegro para uma coligação pré-eleitoral com o CDS.
Para Nuno Botelho, a posição do líder do PSD expressa numa entrevista à SIC na passada quinta-feira transmite uma “imagem de unidade fundamental para a direita”.
"Para o CDS é uma boleia fundamental e uma bóia de salvação”, para um partido que, pela primeira vez em quase 50 anos de democracia, não elegeu deputados nas legislativas de janeiro do ano passado.
Já a recusa da Iniciativa Liberal em integrar, desde já, uma federação de partidos de centro-direita, liderada pelos sociais-democratas, Nuno Botelho diz ser “muito crítico” da estratégia definida por Rui Rocha: “não compreendo, desde logo porque a direita precisava dessa imagem agregadora”.
Norte da semana
Crescimento do turismo. “Os números mais recentes do INE dizem que, em outubro, na comparação com o mês homólogo do ano passado, o setor cresceu 14,7%, em número de hóspedes, e 15,9%. O setor representou 12,12% do PIB em 2022. De facto, é a nossa grande alavanca económica. Nós devemos preservar o turismo e não atacá-lo, como desculpa para o falhanço de outras políticas públicas, como, por exemplo, a habitação. É evidente que há muito a fazer na área do turismo, nomeadamente nos salários. Mas não é, de facto, a razão de ser do falhanço da política pública de habitação.
Desnorte da semana
Pedro Nuno Santos. "Os candidatos do PS estão esta semana numa espécie de campeonato de moderação, para ver quem é que chega primeiro ao eleitorado do centro. Mas Pedro Nuno Santos está a superar-se nessa prova de esforço. Esta semana disse que nunca foi um radical, mas sim um social-democrata. Todos sabemos o que disse Pedro Nuno Santos ao longo da sua vida política. Todos sabemos das pernas que queria fazer tremer e das dívidas que não queria pagar. E, sobretudo, o que fez com a geringonça, com a TAP, com a CP, com o Aeroporto de Lisboa. Além disso, há poucas semanas, criticava este Orçamento do Estado. Agora, diz que é o Orçamento que vai cumprir, se for eleito primeiro-ministro. Numa altura em que vivemos uma profunda crise das instituições democráticas, eu acho que deveria fazer-nos pensar.