O presidente da Associação Comercial do Porto diz que o caso da compra de ações dos CTT pelo Estado, através da Parpública, “é mais uma trapalhada, mais um pântano deste Governo”. No habitual espaço de comentário na Renascença, Nuno Botelho questiona o que terá levado o Executivo a resolver “comprar uma percentagem, por muito pequena que seja” dos CTT e que é pequena porque “não conseguiu comprar mais”. Um quadro que o leva a afirmar que “isto não faz muito sentido, é estranho e, como diz o povo, cheira a esturro”.
Nuno Botelho lembra que se o então ministro das Infraestruturas o fez “para agradar ao PCP e ao Bloco de Esquerda”, Pedro Nuno Santos também "já tinha injetado 3,2 mil milhões de euros na TAP”. “Eu acho que andamos a brincar com o dinheiro público, num país onde faltam, de facto, tantos recursos”, lamenta o presidente da Associação Comercial do Porto. Por isso, conclui, “este é mais um caso em que há muito para explicar, muito para perceber, independentemente do valor que está em causa”.
Nuno Botelho sublinha que Pedro Nuno Santos não se consegue livrar de vários casos: “Primeiro nunca sabe dos casos, Depois, no dia seguinte, alguém lhe diz ‘é melhor tu dizeres que sabes e que nada tinhas a ver com o assunto’. Até que depois aparece a dar uma conferência de imprensa a esclarecer que, afinal, sabia de tudo”.
"É tudo muito aos repelões, tudo muito de improviso. Tudo muito pouco preparado e, portanto, desse ponto de vista, é surpreendente como é que alguém que se diz preparado para ser candidato a Primeiro-Ministro se atira, desta maneira, a estes assuntos, em que revela muita impreparação e muita incapacidade de gestão deste tipo de dossiês”.
Desnorte da semana
Fuga de licenciados: “O Jornal de Notícias noticiava que o Norte, a Madeira e os Açores foram as únicas regiões portuguesas que perderam jovens licenciados para a emigração entre 2010 e 2019. Números do Eurostat, conhecidos em 2023, confirmam esta tendência de perda de licenciados e de, no fundo, 10% da população com ensino superior empregada na região. São péssimas notícias para a região Norte do país, que não está a gerar as oportunidades suficientes para reter estes jovens qualificados. Nem a seduzi-los para ficarem cá a trabalhar e a realizar o seu o seu projeto de vida. Neste caso, o Norte perde terreno, perde centralidade e perde massa crítica. É lamentável.”
Norte da semana
Regulamentação do lobbying: "O meu norte são os passos que se deram, ou que se tentaram dar, para a regulamentação da atividade do lobby em Portugal. Eu acho que é importante que, sem tabus, sejam dados passos para a regulamentação desta atividade. Foi, de facto, retomado o debate, independentemente de sabermos que vai ser difícil avançar com uma proposta, porque a 15 de janeiro o Parlamento é dissolvido. Mas, de qualquer maneira, haver esta sensibilização de que este assunto tem que andar, nem que seja numa próxima legislatura, é importante. É importante que as coisas sejam feitas mais às claras. Perceber quais são os grupos de interesse, o registo dos grupos de lobby, quem são e o que fazem. É uma medida para uma maior transparência na decisão política e eu acho que isso dá credibilidade às instituições, credibiliza as funções públicas e credibiliza o país.”