O Papa Francisco considera que "a ciência é muito clara sobre alterações climáticas" e que "quem as nega será julgado pela História".
Francisco falava aos jornalistas a bordo do avião papal, quando regressava a Roma, depois da visita apostólica à Colômbia.
O Papa referia-se sobre os efeitos devastadores que recentes furacões, como o Harvey e o Irma, têm tido. Francisco considera que todas as pessoas, incluindo os políticos, têm "responsabilidade moral" para "levar o assunto a sério". "Não podemos brincar com este assunto", acrescentou.
"Se não arrepiarmos caminho, vamo-nos afundar", disse. Francisco relembrou que "os cientistas disseram claramente qual o caminho que devemos seguir".
A denúncia dos efeitos do ser humano no meio ambiente tem marcado o papado de Francisco. Em 2015, publicou a encíclica "Laudato Si" (Louvado Sejas) que afirma existir "um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático".
"A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam", escreveu Francisco na sua encíclica "verde".
Mais uma crítica do Papa a Trump
O Papa manifestou a esperança de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, mude de opinião relativamente ao fim do DACA (“Deferred Action on Childhood Arrivals”), programa que impede a deportação de cerca de 800 mil jovens imigrantes que chegaram aos Estados Unidos quando eram crianças.
Ainda no voo de regresso a Roma, Francisco disse aos jornalistas que espera que o assunto “seja repensado, de alguma forma”.
“A relação entre os jovens e as suas raízes é muito importante”, lembra o Papa. “As drogas, os suicídios e estas situações acontecem quando os jovens são arrancados das suas raízes”, explica.
Num tom de crítica a Trump, Francisco lembrou que o Presidente dos Estados Unidos “se apresenta como um homem pró-vida" e que se "for um bom defensor da vida, percebe que a família é o berço da vida e que é preciso defender a sua unidade”.
Crise humanitária da Venezuela
Na mesma ocasião, o Papa voltou ainda a apelar à resolução da crise na Venezuela. A Santa Sé já ofereceu ajuda e expressou a sua posição “forte e claramente”, disse.
Francisco sente agora que cabe ao Presidente Nicolás Maduro expressar “o que vai na sua mente”, no que diz respeito ao Vaticano.
“O mais doloroso é o problema humanitário, com tanta gente que escapa ou que sofre”, lembrou.
O Papa considera ainda que “as Nações Unidas deviam lá estar presentes para ajudar”.
Visita à Colômbia fez "bem" ao Papa
No voo de regresso a Roma, o Papa mostrou-se “comovido” com os colombianos, “um povo nobre, que não tem medo de exprimir o que sente”.
A forma como pais, mães e filhos saíram à rua em massa é sinal de que este é “um povo que tem esperança e que tem futuro”.
As periferias, preocupação central de Francisco, marcaram também a visita ao país. Em Cartagena, o Papa visitou primeiro o lado pobre da cidade. Francisco advertiu para facilidade com que estas realidades podem ser esquecidas: “Quando não se quer ver, não se vê; olha-se só para o outro lado”.
Ao mesmo tempo que agradeceu o “testemunho de alegria, de esperança e de paciência no sofrimento”, Francisco expressou com emoção: “Fez-me muito bem."