A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, prometeu esta segunda-feira continuar a lutar contra o regime, durante um comício que marcou o primeiro aniversário das eleições presidenciais, às quais se candidatou contra o atual Presidente, Alexander Lukashenko.
“No ano passado, aprendemos a lição: se pararmos, a geração dos nossos filhos vai pagar ainda mais pela liberdade. Não vamos parar. Continuaremos a lutar para que milhares possam sair da prisão. Continuaremos a lutar para nos libertarmos do medo que assola o nosso país”, afirmou Svetlana Tikhanovskaya.
A líder da oposição bielorrussa candidatou-se às eleições presidenciais em 2020, tendo rejeitado os resultados eleitorais oficiais que deram uma vitória esmagadora a Alexander Lukashenko e proclamado a vitória antes de fugir para a Lituânia, temendo pela segurança, quando as autoridades reprimiam os protestos no país.
O seu marido, ‘blogger’ também ligado à oposição, foi preso.
“Votamos pela liberdade” em 09 de agosto de 2020, disse esta segunda-feira Svetlana Tikhanovskaya, numa manifestação que juntou 200 pessoas no centro da cidade de Vílnius (Lituânia) e contou com a participação da primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte.
Desde então, Svetlana Tikhanovskaya ganhou apoio dos países ocidentais, que consideram a reeleição de Alexander Lukashenko fraudulenta, e encontrou-se recentemente com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Esta segunda-feira, o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, deu a entender que poderá deixar o cargo "muito em breve", mas sem especificar se permanecerá no poder noutra qualidade.
"Não há necessidade de especular sobre quando Lukashenko e outros irão partir. Muito em breve", disse Lukashenko numa conferência de imprensa em Minsk, citado pela agência EFE.
Lukashenko, 66 anos, admitiu que tem pensado no seu futuro, porque o cargo que ocupa desde 1994 “não é uma posição para toda a vida”.
"Quem o povo bielorrusso escolher, ele será o Presidente. É assim que as coisas são. (…) Ainda tenho de decidir que cargo ocuparei nessa altura", afirmou.
O líder bielorrusso assumiu que haverá um referendo para reformar a Constituição, depois de reconhecer que a atual lei fundamental do país é autoritária e que parte do poder terá de ser cedido ao parlamento.
"Haverá um novo Presidente. Isso é claro. Mas esta Constituição, que é realmente autoritária, não pode ser entregue ao próximo Presidente. Não sabemos quem ele será e como se comportará", afirmou.
Sobre possíveis sucessores, Lukashenko disse que “há 15-20 pessoas na Bielorrússia que podem crescer e tornar-se presidentes”, e destacou o atual ministro do Interior, Ivan Kubrakov, 46 anos, no cargo desde outubro de 2020.
"Há pessoas que não vacilaram e não traíram naqueles dias difíceis. Ao fazê-lo, elas tornaram-se parte da História do nosso Estado e a sua essência foi cristalizada. Ivan Kubrakov é um deles”, disse, citado pela agência estatal Belta.
“Peço desculpa pela imodéstia, mas eles assemelham-se a mim de certa forma. Talvez porque cresceram ao meu lado. São dedicados ao país, são de confiança (...). A maioria dos cidadãos votará neles", acrescentou.
A conferência desta segunda-feira coincidiu com o primeiro aniversário do início dos protestos antigovernamentais contra a fraude eleitoral, após Alexander Lukashenko ter sido declarado vencedor das presidenciais de 09 de agosto de 2020.