O secretário-geral do PCP afirmou hoje, em Palmela, que as medidas anunciadas pelo Governo para o setor da habitação salvaguardam os interesses da banca e do setor imobiliário, mas não resolvem os problemas do aumento das rendas.
"As medidas avançadas pelo Governo, para lá de não resolverem os problemas imediatos que aí estão, na prática, constituem mais benefícios fiscais, põem o Estado a pagar a fatura e não beliscam um único interesse que seja da banca, da especulação e dos interesses imobiliários", disse Paulo Raimundo.
"Em todos estes aspetos, PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal estão de acordo. E é por estarem de acordo que desatam a berrar uns com os outros, a disfarçarem dificuldades entre eles, para nós nos iludirmos", acrescentou o líder comunista.
A exemplo do que tinha dito no sábado, no 102.º aniversário do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo, reafirmou hoje no encerramento da XI Assembleia da Organização Regional de Setúbal do PCP, realizada em Palmela, no distrito de Setúbal, a ideia de que PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal defendem as mesmas políticas.
"No passado dia 15 de fevereiro, o partido avançou na Assembleia da República com medidas para proteger a habitação, travar o aumento de rendas em prestações. Afirmámos, e reafirmamos aqui, que o que se impõe é pôr os lucros da banca a pagar o aumento destas mesmas prestações", disse Paulo Raimundo, lembrando que as propostas comunistas mereceram o voto contra do PS e Iniciativa Liberal e que PSD e Chega se abstiveram.
"Quantos aqui na Península de Setúbal não sofrem com este drama e correm o risco de ficar sem casa, numa altura em que o número de despejos hoje já é superior àqueles que existiam no final de 2019. Quantos não têm condições de responder ao aumento das rendas e das prestações por via do aumento das taxas de juro", questionou o líder comunista, procurando evidenciar a importância das propostas do PCP para dar resposta aos problemas da habitação.
Para o líder comunista, os sucessivos aumentos das taxas de juro decretados pelo Banco Central Europeu (BCE) constituem um drama para milhares de famílias portuguesas, mas são um excelente negócio para a banca portuguesa.
Paulo Raimundo referiu ainda que a atual realidade do país, e do mundo, se caracteriza pela acumulação de lucros dos grandes grupos económicos, o que contrasta com as dificuldades dos trabalhadores e das populações. .
"É esta a realidade de todos os dias, para os trabalhadores sobra o aumento dos preços, sobra o aumento do custo de vida, sobram os baixos salários e baixas pensões, sobra a pobreza, sobra o aumento das rendas, sobram as dificuldades e os sacrifícios", disse.
O secretário-geral comunista prosseguiu: "Para os grupos económicos sobram os lucros e sobram as decisões políticas em função dos seus interesses e dos seus objetivos".
"E nós achamos que isto não pode continuar e que é preciso acabar com este roubo", concluiu o líder comunista, no encerramento da XI Assembleia da Organização Regional de Setúbal do PCP.