O Chega saiu como o grande vencedor dos círculos de emigração, com os resultados finais a darem dois deputados ao partido de André Ventura, enquanto PS e AD conseguem apenas um mandato, indicam os resultados finais da Secretaria-Geral da Administração Interna.
Nas eleições mais concorridas de sempre nos círculos de emigração votaram mais de 335 mil pessoas, quase o dobro dos 173 mil votos das eleições de 2022. O número total de votos nestas legislativas é agora superior a 6,4 milhões, ultrapassando em mais de 400 mil a maior participação em eleições portuguesas, que tinha acontecido nas legislativas de 1979.
O Chega foi o partido mais votado no círculo da Europa, com 18,3%, elegendo o deputado José Dias Fernandes, enquanto o PS teve 16,2%, elegendo novamente Paulo Pisco. O número de votantes foi o dobro do registado nas eleições de 2022, com a taxa de abstenção de 75% a ser a mais baixa desde 2005.
No círculo de Fora da Europa, a AD foi a força política com mais votos (22,9%), garantindo a eleição do antigo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário. O Chega teve 18,27% dos votos, mais do que os do 14,58% PS, elegendo Manuel Magno Alves e deixando de fora o socialista Augusto Santos Silva, o presidente da Assembleia da República no último Parlamento.
Votos nulos tiveram o dobro dos votos do partido mais votado
Pela primeira vez na história da democracia portuguesa, o número de votos nulos superou os votos do partido mais votado. No círculo da Europa, quase 40% dos 200 mil votos recebidos foram considerados nulos, enquanto o mais votado Chega, que conseguiu um deputado, não foi além dos 18%.
À Renascença, Fernando Anastácio, da Comissão Nacional de Eleições (CNE), explica que muitos dos votos são nulos devido à falta da cópia do Cartão de Cidadão. “Não é uma questão que é nova, é recorrente em eleições. É até uma questão que convoca à reflexão do legislador, que tem competência para tratar do problema”, sublinha.
Em todas as regiões, a percentagem de votos nulos ficou acima dos 20%, mas em países como França, Reino Unido e Luxemburgo, os votos nulos ultrapassaram os 40%.
Europa. Quase metade dos votos do Chega vieram da Suíça
O resultado do Chega como partido mais votado no círculo da Europa é construído na Suíça e na França, onde o partido consegue mais de dois terços dos seus mais de 40 mil votos.
Na Suíça, o Chega teve mais votos que PS e AD juntos. O partido de André Ventura consegue mais de 16 mil votos, 32,6%, com AD a ter apenas 12,9% e PS 12%.
No Luxemburgo, onde o partido também foi o mais votado, o Chega recebeu 2.676 votos entre mais de 13 mil, conseguindo 19,6%, contra 14,3% da AD e 13% do PS.
Na França, o país com maior número de emigrantes inscritos, o PS foi o mais votado, com 18,6%, enquanto o Chega teve 16,8% e a AD 12,6%. Os socialistas foram também os mais votados na Alemanha, Reino Unido e Bélgica.
Na Alemanha, o PS teve 20%, contra 18,1% da AD e 13% do Chega. No Reino Unido e Irlanda do Norte, PS teve 15%, AD 12,6% e o Chega 10,1%. Na Bélgica, o PS venceu por apenas 30 votos.
Em Espanha, a AD venceu com 24,7% e o PS tem 16,9%.