Cimeira Luso-Espanhola. Costa em Lanzarote com dez ministros e uma agenda com foco na Cultura
14-03-2023 - 07:39
 • Olímpia Mairos , com Lusa

Governo em peso na Cimeira Luso-Espanhola em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. O executivo esclareceu que “serão assinados mais de uma dezena de memorandos”, que abrangem várias áreas.

O primeiro-ministro português faz-se acompanhar por dez dos 18 ministros do seu Governo esta terça e quarta-feira, na 34.ª Cimeira Luso-Espanhola, em Lanzarote, que terá um foco especial na cultura e na figura do escritor José Saramago.

Ao lado de António Costa, pela parte do executivo nacional, estarão na cimeira os ministros dos Negócios Estrangeiros (João Gomes Cravinho), da Justiça (Catarina Sarmento e Castro), da Cultura (Pedro Adão e Silva), da Ciência e Ensino Superior (Elvira Fortunato), da Educação (João Costa), do Trabalho e da Segurança Social (Ana Mendes Godinho), da Saúde (Manuel Pizarro), do Ambiente (Duarte Cordeiro), das Infraestruturas (João Galamba) e da Coesão Territorial (Ana Abrunhosa).

No primeiro ponto do programa de dois dias de cimeira, António Costa e o líder do executivo espanhol, Pedro Sánchez, visitam ao final da tarde desta terça-feira a Casa Museu de José Saramago, onde o Nobel da Literatura de 1998 fixou residência a partir de 1993.

José Saramago, para os dois governos ibéricos, “é o símbolo dos fortes elos culturais” existentes entre Portugal e Espanha.

50 anos de democracia com cooperação cultural cruzada

Na quarta-feira, está previsto um encontro entre o Primeiro-Ministro e o Presidente do Governo de Espanha e várias reuniões setoriais.

Segue-se a cerimónia de assinatura de vários acordos entre os dois países, com destaque para a assinatura de um protocolo de intenções para a realização de um programa de cooperação cultural cruzada no âmbito dos 50 anos das democracias nos dois países ibéricos.

Este protocolo de cooperação assinado no final da 34ª Cimeira Luso Espanhola, perante a presença dos primeiros-ministros de Portugal, António Costa, e de Espanha, Pedro Sánchez, prevê uma série de eventos a promover pelos dois países que se estenderá entre setembro de 2024 e setembro de 2025, abrangendo a música, as artes cénicas, a literatura, as artes visuais e atividades multidisciplinares.

Em declarações à agência Lusa, o ministro do Cultura salienta que "quer Portugal, quer Espanha foram países que tiveram uma grande responsabilidade na inauguração de uma nova vaga de transições para a democracia na década de 70".

"E essas transições para a democracia são elas próprias resultado de transformações profundas nas sociedades dos dois países, com manifestação do ponto de vista da criação artística e das dinâmicas culturais. O que vamos fazer é assinar um protocolo de intenções para que haja uma cooperação cultural cruzada entre Portugal e Espanha no âmbito dos 50 anos de democracia nos dois países", referiu Pedro Adão e Silva.

Para o titular da pasta da Cultura, a democracia "é ao mesmo tempo consequência de transformações culturais nas sociedades portuguesa e espanhola, mas ela própria é também um fator de transformação e de democratização, quer do acesso, quer da criação cultural".

"E é em torno desta ideia, deste conceito que entre setembro de 2024 e setembro de 2025 organismos e entidades dos dois países promoverão uma programação cultural cruzada", completou.

A cimeira anual de 2023 entre Portugal e Espanha realiza-se poucos meses depois da última entre os dois países, em Viana do Castelo. Segundo fonte do executivo português, a antecipação do calendário deveu-se ao facto de a Espanha entrar num ciclo eleitoral a partir de maio próximo e de assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia a partir do segundo semestre do ano.