Os vereadores da oposição na Câmara Municipal de Lisboa negaram estar a obstaculizar o trabalho do presidente da autarquia e acusaram o autarca social-democrata de adotar uma estratégia de vitimização.
As acusações foram feitas durante o feita durante o Período Antes da Ordem do Dia (PAOD) da reunião pública da Câmara de Lisboa desta segunda-feira, tendo sido os eleitos do PS a tecer as maiores críticas.
Em jeito de balanço ao primeiro ano de mandato de Carlos Moedas na presidência da autarquia, a vereadora socialista Inês Drummond acusou o social-democrata de implementar "medidas avulso e incoerentes".
"Demos tempo e decorrido um ano ainda não conhecemos a sua visão para a cidade. Contou com o PS para encontrar equilíbrios. Foi assim no orçamento", afirmou a vereadora socialista, negando que tenham sido colocados "entraves".
Ines Drummond acusou Carlos Moedas de se vitimizar e apontou falhadas na governação, nomeadamente nas questões ligadas à habitação e à higiene urbana.
Em resposta, o autarca social-democrata acusou o PS de fazer demagogia e negou ter tido apoio dos socialistas.
"A senhora vereadora disse que contamos com o PS. Se o contou foi aquilo que vivi, eu imagino o que seria se não contasse. Contei com o PS mas pouco. Só não bloquearam o que não puderam", contra-argumentou o autarca.
Relativamente às críticas feitas em relação à higiene urbana e aos problemas com o lixo, Carlos Moedas ressalvou que esse problema "já tem muitos anos" e que o PSD espera resolvê-lo.
"Há um problema na higiene urbana, mas esse problema foi herdado e vamos resolvê-lo. Espero resolvê-lo com a vossa ajuda", instou.
Já a vereadora do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, e eleita independente (Coligação Mais Lisboa), Paula Marques, acusaram Carlos Moedas de colocar entraves às propostas que a oposição pretende ver discutidas nas reuniões de Câmara.
Por sua vez, o vereador do PCP João Ferreira referiu-se à questão da higiene urbana para dar razão a Carlos Moedas, corroborando que o problema do lixo já vem de outros mandatos, mas ressalvando que "piorou nos últimos anos".
Num encontro em julho com o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Carlos Moedas disse terem sido pagos 18 milhões de euros às juntas de freguesia, a quem cabe a limpeza das ruas e ao redor de eco-ilhas.
O autarca afirmou, então, que o problema de higiene urbana "vem de muito trás, não é um problema que esteja a ser criado hoje" ou que é deste presidente da Câmara.
Na altura, Vítor Reis, do STML, concordou que os problemas da higiene urbana em Lisboa não são de hoje e pioraram com a passagem de competências da câmara para as juntas de freguesia, em 2014.
Contudo, acrescentou, com o fim da pandemia e o regresso do turismo, o problema agudizou-se.