Cinquenta vagas para formação médica especializada ficaram por preencher no concurso para o Internato Médico que terminou no início do mês, em especialidades como saúde pública, medicina interna, medicina geral e familiar, estomatologia, patologia clinica e imuno-hemoterapia.
Segundo a Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS), dos 2.260 médicos habilitados ao processo de escolhas de vaga para formação especializada, mais de 80% (1.871) foram colocados e 389 faltaram ou desistiram.
Numa informação enviada à agência Lusa, a ACSS acrescenta que uma das principais razões que justificaram as ausências se prende com "a intenção de mudança de especialidade ou local de formação" e que alguns dos médicos que integravam o processo atual realizaram a Prova Nacional de Acesso 2021 no passado dia 17 de novembro, adiando assim a escolha de especialidade para o final do próximo ano.
No processo de escolhas de vaga para formação especializada, integrado no procedimento concursal Internato Médico 2021 que decorreu entre 22 de novembro e 02 de dezembro, foram abertas 1.921 vagas para 2.260 médicos, refere a ACSS, acrescentando que, adicionalmente, foram abertas mais 18 vagas, destinadas a médicos militares.
"Ficaram por preencher 50 vagas, distribuídas pelas especialidades de estomatologia, imuno-hemoterapia, medicina geral e familiar, medicina interna, patologia clínica e saúde pública", explica.
Os dados da ACSS indicam ainda que em 2021 tinham sido disponibilizadas 1.867 vagas, que foram ocupadas na totalidade, tal como tinha acontecido desde 2016.
"Situação preocupante", diz FNAM
Em comunicado agora divulgado, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considerou que a situação é "extremamente preocupante" e "coloca em causa alicerces do SNS [Serviço Nacional de Saúde]".
Ao problema do contingente de médicos sem formação especializada - sublinha -- "acresce agora o problema destes médicos, que optam por não continuar a sua formação especializada no Serviço Nacional de Saúde (SNS), apesar de existirem capacidades formativas".
A FNAM diz que uma das principais razões para esta situação é a "falta de condições de trabalho, transversal a todo o SNS", que se reflete "na formação específica dos médicos".
"Desde 2009, com a empresarialização dos hospitais e o início dos contratos individuais de trabalho, a desvalorização das carreiras médicas tem vindo a agravar-se, levando a que profissionais altamente qualificados abandonem o SNS, colocando em causa a formação dos novos médicos", acrescenta.