Os jovens trabalhadores querem mais do que um simples salário e as empresas têm de estar atentas às novas exigências se quiserem reter os profissionais.
O quadro é traçado pelo Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (LABPATS), que, depois de analisar cerca de dois mil trabalhadores de vários setores, apresenta um estudo e uma série de recomendações sobre a atividade laboral no país, esta terça-feira.
Em declarações à Renascença, Tânia Gaspar, coordenadora deste trabalho, explica que o LABPATS concluiu que para "os jovens, embora gostem do trabalho e possam ter muito gosto na sua atividade profissional, esta deixou de ser um pilar central" na sua vida.
Segundo Tânia Gaspar, aquilo que os recém-chegados ao mercado de trabalho "mais valorizam é a questão da justiça, a questão da confiança e a questão da autonomia". "Valorizam recompensas não financeiras, como um simples elogio ou a flexibilidade de horário", continua.
A coordenadora conclui que, assim, as empresas devem ir ao encontro das novas exigências: "As entidades patronais têm que, progressivamente, ir adaptando as suas formas de seleção e de gestão de recursos humanos, para poderem reter estes profissionais".
Quatro dias e com o mesmo salário
Dentro deste quadro de expectativas - e das respostas que as empresas poderão dar - está a concretização da semana de trabalho de quatro dias. Tânia Gaspar diz que, para que funcione, este modelo não pode significar uma perda de remuneração.
"A ideia inicial da semana de quatro dias é [a de que] as pessoas possam gerir melhor o seu trabalho. Portanto, as pessoas organizariam o seu tempo de modo a fazerem todas as suas tarefas em apenas quatro dias. Para que esta ideia funcione, terá de não haver uma diminuição da remuneração", explica a coordenadora do projeto do LABPATS.
Ou seja, é preciso "haver uma maior autonomia", maior "flexibilidade da parte do trabalhador" e maior "confiança por parte da entidade patronal de que o trabalhador vai conseguir gerir o seu horário e completar as suas tarefas, correspondendo aos objetivos propostos".
Tânia Gaspar lamenta, ainda, que não haja uma definição clara e conjunta de objetivos entre funcionários e chefias, porque "assim o trabalhador saberia melhor o que é expectável e, deste modo, conseguiria também gerir melhor o seu trabalho".
"Se sentir que há uma autonomia e uma confiança da parte da liderança, isso acaba por promover o seu maior bem-estar. Este tipo de estratégia funciona", garante.